TEXTÃO
É um estigma, um container entulhado de chumbo, a mais recente reinvenção do obsoleto, instituída e veiculada nas redes sociais.
Textões tornaram-se, portanto, a própria desimportância das coisas, uma espécie de paisagem selvagem e ociosa sem demanda alheia, ilhas perdidas e abarrotadas de montanhas de palavras que, possivelmente, podem estar guardando informações de relativo teor de importância, mas que têm sido sistematicamente ignoradas.
Tá maluco, cara, ninguém quer ler o seu textão que tem mais de mil e quinhentos caracteres, desista! Ou siga o Caetano: “se você tem uma ideia incrível, é melhor fazer uma canção, está provado que só é possível filosofar em alemão...”
Mas você tá lendo o meu textão, não tá?! Pois, é. E olhe que não foi por falta de aviso... se orienta, rapaz, toma tento!
Olha, quer saber? Quer saber mesmo?!
(...)
Ah, você ainda está aí, não é! Pois, bem, perceba: se quer escrever, escreva!... Não entendeu?! — escreva texto, textão, textinho, test... ops! — o que você quiser, meu amigo; ninguém vai usurpar o nosso direito de ir e vir, ou até o de ficar por lá mesmo, comprando logo aquele sítio em maracangalha, plantando livros, escrevendo árvores...
Mas... me responda uma coisinha só: passei de mil e quinhentos caracteres?