Ver com amor

Em meio a uma conversa com um amigo, este me falou com entusiasmo e uma ponta de vaidade sobre um feito de seu neto. Estava a família visitando uma certa cidade, que não recordo o nome, quando o pequeno, em dado momento, começou a apontar para o alto mostrando com muita felicidade sua descoberta. Naturalmente para os avós não é uma tarefa fácil ver detalhes, principalmente quando estes estão localizados em cima de um prédio com vários andares. Depois de algum esforço e dedicação, e com a insistência da criança indicando a figura como sendo a de um super-herói, perceberam que lá no alto do prédio havia realmente um boneco em forma de figura humana, com a finalidade comercial de divulgar algum produto.

Como é natural, todos que presenciaram o fato bajularam o menino, dizendo coisas como: Que bonitinho; Como é esperto; e até quem sabe, é vivo como o avô – mesmo não encontrando nenhuma semelhança da figura com algum tipo conhecido de super-herói.

Imediatamente ao ouvir essa história, ainda em meio a risos do avô, me veio à mente, não uma descoberta, mas uma reflexão que, por mais natural que pareça, se torna às vezes tão distante - valorizar as coisas boas que vemos no dia a dia.

Somos adultos, sim, devemos nos reconhecer e agir como tal, no entanto, sem perder a graça e a pureza da vida. A vida nos oferece sempre dois caminhos, nós decidimos qual seguir. Poderíamos quase assegurar que as coisas boas e as coisas más estão à nossa disposição na mesma medida. O principal fator para que esta ou aquela se aproxime de nós tem a ver com o nosso comportamento. A forma de encará-las faz toda diferença.

Sabemos também que nosso mais sincero e eficaz meio de comunicação é a visão. É com os olhos que expressamos o que realmente queremos dizer, mesmo quando a fala insiste em dizer outra coisa. Os olhos tudo falam e tudo veem, e sabem expressar e reconhecer qualquer sentimento.

A eles é dada a capacidade de filtrar o que realmente importa, dar o devido valor e passar a informação para o nosso cérebro, que imediatamente fará com que nosso corpo reaja.

Assim fez o menino que descobriu em meio a uma multidão, o que lhe desse prazer, o seu super-herói.