BODAS DE OURO
Dia vinte de maio de um mil, novecentos e sessenta e sete. Há exatamente cinquenta anos, no próximo dia vinte de maio, eu e a minha Ana nos casávamos. Eu aos vinte e ela aos dezenove anos. Muito jovens ainda, mas que tivemos uma educação muito formal e que nos preparou para enfrentarmos bem cedo os bons e maus momentos de toda vida. Na alegria e na tristeza; na saúde e na doença e em tudo o mais que a vida nos reservou, mas conseguimos chegar até aqui, criando nossos filhos, lutando contras as adversidades, mas com a certeza de que Nosso Senhor Deus sempre nos proveria de tudo aquilo que precisássemos. Vitórias, derrotas, gente chegando, gente partindo e a vida seguindo em frente. A grandiosidade de Deus permitiu que pudéssemos acompanhar nossos pais em suas doenças até suas passagens, tendo como personagem especial nesses eventos a incansável Ana. Nossos filhos são a prova de sua dedicação, seu amor e sua bondade. Não podia deixar agora de manifestar minha gratidão e meu pedido de perdão pelas minhas falhas, meus erros e meus pecados. Nunca poderei recompensa-la por tudo isso. Nós, eu e ela, temos cicatrizes, mas também chagas que jamais de fecharão se não aprendermos a perdoar e, principalmente, esquecer. A vida segue seu curso e até aqui estou certo de que temos muito mais para agradecer que pedir. Obrigado, Senhor, por todos esses cinquenta anos!