De grão em grão

Ele nunca se entregou ao consumismo; pelo contrário, sufocava suas ilusões para amealhar fundos, que em um futuro, não tão distante, pudesse lhe proporcionar retornos.

Nos shoppings sempre procurava as araras em promoção; estrangeirismos somente os camelôs lhe proporcionavam. Segunda classe; pague 4, leve 5; blocos de tv fechada, sem o futebol, que ele tanto gostava; caixas de sorvete, de marca desconhecida, muito mais em conta;coletivos; shows em parques de supermercados; lingua roxa, com vinho de segunda classe; cerveja Safada, muito mais barata; praias com presença da feira-livre; carro popular 1.00. sem ar condicionado, sem direção hidráulica; sabonetes em pacotes econômicos; ligações pelo celular, somente usando o whats App... de graça; óculos de farmácia; sucos em sachês, que rendiam uma jarra plástica de litros; pratos com carne moída; pechinchar era o verbo da vez; excursões À feira da madrugada no Brás; enfim...tudo que lhe permitisse poupar.

Em 30 anos de trabalho, nunca verificou o valor depositado na poupança; a tentação não se sobreporia à determinação de um futuro melhor. A tentação talvez não, mas a inflação, as taxas, tarifas, impostos, e permissividades dadas

aos agentes financeiros. fizeram com que seu débito junto aos bancos o lembrasse de seu ADJETIVO PÁTRIO

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 14/05/2017
Reeditado em 14/05/2017
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