Pequeno também frauda
Ouvimos nestes dias o discurso do presidente Lula anunciando o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. A imprensa marrom ou colorida com seus analistas, especialmente os globolistas a cada hora publica uma coisa ou outra apostando na idéia de que o programa não vai dar certo. Mesmo antes da aprovação no Congresso.
Suficiente ou não, bem ou mal arquitetado o PAC está promovendo o que um plano desta natureza e envergadura promove: uma corrida de todos os setores da sociedade. Cada um estuda um meio para pôr a mão num pedaço desse bolo, que não é pequeno. O comércio, a indústria, os serviços, a agricultura, a pecuária, a pesca, a construção civil, a mídia, o turismo, os transportes... Todos sonham com o melhor pedaço.
O PAC está também trazendo à tona a possibilidade da fraude, fato lamentável que se tornou comum na sociedade brasileira.
A fraude no Brasil não é exclusividade dos grandes, poderosos e políticos. Pequeno também frauda. Ouvi recentemente menção a duas idéias:
- Meu negócio anda fraco, preciso de capital-de-giro. Vou fazer um PRONAF para o investimento em ovelhas e aplico em mercadorias para o meu comércio.
- Já eu, estou pensando em criar porco. Adiantou-se o outro.
Advertidos da possibilidade de enfrentarem problemas com o banco mediante uma fiscalização uma vez que não pretendiam aplicar os recursos de conformidade com o projeto os mentores se saíram da forma mais clássica:
- A gente compra dois ou três animais para mostrar ao fiscal. Talvez mais honesta do que a atitude daquele produtor que mandava fincar galhos de cajueiro para mostrar ao fiscal do banco. Ah! Como aquela SUDENE não deixa uma gota de saudade!
E o pior é que na nossa sociedade quando o lesado é o governo a fraude parece não ser crime, como se não trouxesse conseqüências. A fraude no nosso país tornou-se natural.
Todo isso acontece dada à ineficiência das fiscalizações, à impunidade e às comuns atitudes do governo em perdoar dívidas desses tipos de devedores.
Mas tem algo mais. Desenvolveu-se no país uma onda de atitudes baseada na idéia desenfreada de ficar rico em curto prazo. Motivada por exemplos advindos ou da própria corrupção, ou do tráfico, ou do jogo. O que tem de gente que tira do bucho para apostar no bicho...E não é só, tem também o Totolec e a Mega Sena, estes legalizados, o que é mais imoral ainda. Robustecido o desejo de ficar rico custe o que custar vale qualquer coisa, principalmente meter a faca nos recursos públicos. É lamentável.