Mãe, olha que lindo que fiz na parede!
Aí a criança chega para a mãe e diz:
-- Mãe, eu fiz um mural lindo. Escrevi meu nome bem grande, escrevi minha idade e desenhei a minha mão. Assim vc vai saber o quanto eu cresci.
A mãe responde:
-- Foi mesmo meu filho? Cadê?
E ele mostrando o "mural" para mãe,
todo feliz, pergunta:
-- Você gostou? Não tá lindo?
Aí, nessa hora, a mãe, no caso eu, respira fundo olhando para a parede toda riscada de hidrocor e colada com um monte de "arte" e responde:
-- É... Ficou lindo meu filho!
São nessas horas que eu sei porque não tem rima para a palavra mãe.
Muitas vezes a gente tem que ter paciência e lembrar de que tudo passa. A infância passa rápido.
Nesse caso, eu pensei no propósito do meu filho: ele queria agradar-me, então eu considerei que o propósito foi mais nobre do que o resultado e eu não poderia estragar a ideia da criança revelando a minha insatisfação, afinal, a parede posso pintar depois, mas a mancha que eu poderia deixar na memória do meu filho ao lhe dar uma bronca talvez nunca pudesse ser limpa.
A arte de ser mãe se manifesta, se revela de formas tantas e em ocasiões tão distintas que o um instante para respirar fundo e mudar as palavras farão toda a diferença nos resultados a longo prazo.