PERDER PARA VENCER
Outubro/2014
Quando nós somos mais novos e por experiências que ainda não tínhamos nos levam a pensar que hoje, com as experiências e maturidade, uma forma ajuizada que o tempo mudou, para melhor - hoje eu penso e analiso os acontecimentos antigos, de uma maneira mais madura de como eu pensava.... Quando era mais novo e claro, sem as experiências acumuladas.
Hoje estou com 71 anos de idade e fico me projetando ao passado, e nesse caso voltando aos meus 16 anos quando fiz a minha primeira luta de boxe, que na época fui um perdedor, da luta e sai dali um vencido. Será? Numa luta televisionada - acho que foi uma dos primeiros eventos de lutas que a TV mostrou ao público que possuíam aquela telinha em casa. Mas hoje analisando aquela luta... Penso que fui um vencedor. Eu era um garoto fraco por natureza, e que estava avançando numa conquista para deixar de ser um fraco.... Meu adversário que era o favorito e foi, tinha mais experiências em boxe....Levei a luta até o final e perdi por pontos... E se ganhasse, qual seria a diferença? Apenas teria ganhado e voltado para casa com os mesmos hematomas, e mais alegre. Mas hoje se somou a coisas do passado e sem importância se referindo à luta, mas a importância foi a minha vontade de continuar lutando...E continuei. E o meu oponente da época não continuou...Ai esta a diferença do vencer, e do VERDADEIRAMENTE vencer.
Eu me considero um vencedor por ter lutado.... E lutado para vencer pois esta é uma das finalidades de competir, mas a própria luta nos ensina alguma coisa e ali eu devo ter aprendido, porque lutei, e foi ali que eu me expus e porque não desisti, segui o meu caminho de lutas, aprendi outros esportes, até chegar aos 72 anos ainda treinando judô, mas nessa idade lutei com o campeão mundial de másteres que era o favorito, e foi - mas um guerreiro não desiste. Fui o mais idoso do que meu adversário de luta e também da competição... E continuo a treinar, e meus oponentes também....Somos os guerreiros da luta.
Referi-me como exemplo a minha primeira e a última luta, por enquanto e de como hoje eu entendo ajuizadamente os exemplos do perder e vencer para manter o espírito da competição, e é com ele que nos seguimos ou não o nosso caminho, mas ela, a competição é que nos ensina o valor filosófico – o saber que a importância é lutar e o melhor que puder... Participar pelo amor ao empenho mais do que o triunfo. e o verdadeiro aprender e que o tempo irá nos ensinar o nosso caminho.
Uns atletas desistirão, mas levarão alguns ensinamentos, outros terão muitas competições e cada uma lhe trará alegrias do vencer “a luta” e às vezes se chegarem à campeões de nível mundial, trarão até benefícios financeiros e fama. Mas o mais importante para a vida é ser um atleta, não só de momentos gloriosos e pode até não ser, mas o atleta que se manter treinando algum esporte na sua vida para sempre - é como se fosse um alimento que afastará doenças e se deixar de alimentar-se com exercícios é como antecipar a sua morte, mesmo antes dela acontecer.
Eu nunca fui um competidor de elite, porque buscava em vários esportes uma fonte de desejo para ficar mais forte, o que nunca fui por natureza. Não descobri esta fonte do desejo, mas cheguei bem próximo, pois consegui mudar a minha vida colocando nela um corpo e mente sadio, praticando esportes....Mas fui um competidor que não só deixou de vencer as duas lutas mencionadas, mas venci muitas outras e o passado ficou para trás, o futuro ainda terá o meu domínio – mesmo não tendo vencidos algumas lutas, tive algumas conquistas a nível de Federações e Confederações: - Se eu escolhesse e treinasse um só esporte, poderia ter ido mais longe em termos de competição....Mas eu fiz a escolha certa, porque na vida se apresenta de uma forma, e as transformações, nós é que a fizemos, porque a vida ia pedindo e querendo uma diversificação de esportes e eu ia obedecendo e ela continua pedindo para que eu continue a praticar esportes, e eu obedecendo....E aprendendo o verdadeiro sentido de vencer que não é só ganhar uma competição, mas ganhar pela insistência, pelo tempo e pela conquista de vida. Eu fiz e estou fazendo isso.