João, não o Batista.
O púlpito deu uma oportunidade ao João de nos entreter com o seu testemunho. Muitos dos que estavam presentes, foram convidados a gerar algum ruído pelo microfone, oxidado em suor e saliva. O irmão João, foi o único a testemunhar um fato comum, cotidiano. Brasileiro, de mistura igual nossa, ainda lembrava o assalto, às ameaças, o revolver; que disparou sem ruídos. O tiro quente de indignação lhe queimava o peito; e grato pelo livramento, recitava passagens de um salmo conhecido de poucos. Tudo certo. Não! Apesar da fé convicta, desabafou em lágrimas os reveses que lhe sobreveio. Pedindo auxilio aos fiéis, pedindo a interseção, queria apenas amparo e socorro. "0 escravo de satanás!" como ele disse. Tirou da boca da filha e da mãe gestante a colher e o prato, mas não lhe tirou a provisão do Deus soberano. Vendo que seus óculos eram barragens pras lágrimas, os lançou na tribuna. O silêncio encheu o templo. Eu queria consolar o sua emoção, porém, eu não abracei João, não lhe dei conselhos. Não posso nem chamá-lo de amigo! Ele falou de si com pesar e molhou suas palavras e o livro sagrado com lágrimas. Quem foi apenas assistir o culto, se encantou com espetáculo e mínimo discurso do João. Não o batista.