70 ANOS...MINHA HISTÓRIA
 
17 de Agosto de 2013

Eu já alcancei algumas metas... mas outras, apenas tentei e não consegui - e tive metas que nem sabia que existiam e fiquei de fora mas nesta última que consegui, por enquanto foi ter atingido o septagéssimo aniversário.. depois de cair....aprender a se levantar e lutar – posso dizer que foram lutas, pois lutei tanto pela vida, como nos ringues e nos tatames, onde caí para poder levantar-me. Às vezes não tive sorte, caía e parecia que não iria levantar-me, mas em outras eu tive mais sorte e continuei seguindo a minha longa estrada da vida...talvez não tão longa, pois tenho ainda muitos caminhos pela frente e se seguir no meu ritmo, vou manter a minha tentativa de conseguir... Se não conseguir, pelo menos tentarei.

Mas nesses bons momentos vividos, que eu alcancei... estou aqui, rodeados de amigos, com amigos que conquistei e fui conquistado. Amigos, que nesta confraternização mútua, celebrando a longevidade da vida como uma grande prioridade.
Mas nesta minha andança por este complicado mundo...um pouco louco que nós o deixamos assim... devo voltar a minha vida pregressa de 70 anos e focalizar de uma forma sucinta os caminhos acontecidos, vividos - e que hoje ficam somente, nas lembranças, e que jamais poderão voltar...a não ser pelas próprias lembranças.
Depois que o mundo existia por um longo tempo - mas eu que ainda não era nada e desconhecia que este mundo já tinha milhares de anos vividos e com seus habitantes que ainda não o tinham domesticado e quando o domesticaram, não o fizeram tão bem, e muitos “humanos” não conseguiram domesticar a si próprio.
Apareci do nada no dia 17 de Agosto de 1943. Eu poderia ter nascido ou aparecido num berço melhor, ou pior, mas como todos tem seu destino de nascença, eu nasci assim...dentro do meu destino... o destino que era meu, e ali estava eu, ainda pequeno, filho de um oleiro e eu quando olhava aquela olaria a via como um parque de diversões - brincava, pulava por cima dos carrinhos que eram usados para levar os tijolos, e por cima dos próprios tijolos, conhecia cada galho de árvore envolta da minha casa, mas era um guri fraco que vivia doente, e minha mãe vivia constantemente em busca de curandeiros, e de médicos, mas bem mais de curandeiros, pois médicos eram mais próprio para gente rica, e foi um deles...um dos curandeiros que disse para a minha mãe “este menino não vai se criar” – mas foi uma receita dada também por um curandeiro orientando a minha mãe para alimentar-me com graxa de capivara – e foi o que ela fez, e eu tomava todos os dias aquela amarga graxa de capivara, seguido de uma laranja para amenizar aquele gosto ruim, mas quem sabe se tornou um elixir de vida, ou quase isso, e eu comecei a lutar...não com os meus algozes das competições, mas uma luta interna pela minha sobrevivência.
Cresci com a teimosia de continuar vivo, desafiando o prognóstico do médico, sempre buscando tudo o que poderia ser próprio para alimentar um fraco – eu era inimigo de todos os vícios nocivos que poderia ser contra a saúde.
Cresci, e dos 20 aos 26 anos trabalhei numa multinacional como gerente do setor financieiro. Ganhava um ótimo salário, mas também adquiri uma ulcera duodenal proveniente da responsabilidade exercida...mais uma lição que tive, e fui obrigado a fazer a lição de casa. Demiti-me em prol da minha saúde.
A minha vida teve alguns marcos interessantes acontecidos posteriormente ao trabalho de seis anos na Olivetti do Brasil. Para cuidar da minha saúde, busquei alternativa no esporte, iniciei no Boxe, até gostei, mas não era o que eu queria e resolvi continuar literalmente na luta, mas era mais uma luta para me tornar mais forte, pratiquei luta olímpica, luta esportiva, capoeira, karatê, mas foi com o judô que realmente me encontrei, e fui de aluno a técnico o que eu sempre almejava pois que eu queria como técnico fazer não apenas competidores, mas queria que meus alunos fossem treinados para a vida. Nessa minha andança pelo suave caminho do judô, consegui grandes alunos, e grandes amigos.
Interrompi meus treinos com 60 anos, por achar-me fora da idade para adentrar no tatame.. fiz a minha saudação de despedida a ele... mas posteriormente depois de 10 anos os reiniciei, pois com 70 anos ainda me achava dentro da idade...coisas da vida, e aqui estou eu de quimono novamente, fazendo a saudação ao o tatame e me reconciliando com ele e até me desculpando de uma forma que só eu e ele, o tatame, ficamos sabendo.
Paralelo ao judô eu me dedicava à música como lazer, mas como músico, me faltava aptidões natas, mas ainda nesta forma paralela agia como técnico de Judô, e nas horas vagas que ainda existiam, elas sempre existem estava eu, brincando com pedras e madeiras até transforma-las em algo que não seriam sòmente pedras ou madeiras, e me tornei um escultor, iniciando, brincando e frequentando escolas técnicas, mas continuei como autodidata dedicado em esculpir troféus para outorgar aos merecidos laureados com uma obra diferenciada e única.
Fiz como escultor uma profissão, pois ela me ensinou assim como técnico em Judô, que nós é que devemos escolher a nossa profissão, assim como elas também nos escolhem, e o importante é saber o que nos tornamos com a nossa escolha profissional - experiências que tive por duas vezes e foram algumas das razões que me ajudaram, na minha conquista para um bom viver.
Mas o mais importante da minha vida foi a edificação da minha família e dos meus amigos. Sem eles eu, não seria EU COM LETRAS MAÚSCULAS, Talvez um eu com letras minúsculas ou um “eu” sem se encontrar. Quando eu era solteiro, tive uma filha chamada Luciane - uma surpresa da vida, mas que a própria vida quis me presentear e só a própria vida pode explicar.

Depois me casei com a mulher que conquistei, numa praia... a Iara que naquele dia estava de maiô branco, nunca mais me esqueci daquele maiô branco...e com ela a Iara (lalinha) eu vivo até hoje. Foi uma paixão - daquelas que ainda não terminou, e hoje completamos 34 anos de um covivência que deu certo. Tivemos duas filhas: a Nailê e a Sheila, que foram mais dois presentes da ânsia da vida... e repito a própria vida pode explicar.
Hoje estou rodeado de mulheres, e completando os meus 70 anos de bem com a vida, pois com esta idade: errei, sofri, conquistei vitórias, chorei mas ri muito mais - vivi e aprendi bastante pelos feitos vividos, e cheguei até aqui com 70 anos, com experiências não somadas, mas com muitas outras somadas e acumuladas.
Continuo na luta, e agora escrevendo coisas...coisas da vida como esta crônica da minha chegada aos setenta anos e cheio de amigos..VOCÊS.
Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 10/05/2017
Reeditado em 17/11/2020
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