TUDO MORNO EM NOSSA VIDA!
Vida morna. Nas entrelinhas você entende que tudo é aprendizagem mas nem sempre você aprende. O ruim é ver repetir a lição, cuja tarefa de casa não foi feita com apreço. Tudo lhe desafia a um jogo de carta marcada. Isso nas relações "sagradas" da família, entre amigos, rivais, na política das instituições que alicerçam a sociedade.
Sempre foi assim mas hoje existem mais meios de comunicação para denunciar como tudo é sistêmico. Há um fio sutil ligando tudo. Desde as políticas internacionais como às políticas mais próximas que acontecem por exemplo, numa escola bem simples no interior de uma cidade pobre.
Permeia o idealismo dos alunos, do professor, dos pais, o desejo e a crença em dias melhores, a esperança e a ação dos "tiradores de vantagem" que enganam, exploram, roubam, também com o idealismo de se transformarem em deuses.
Mas é no próprio realismo que aparecem as nuances da crua propagação do mal geral. O cidadão pobre cheio das contingências da exploração entra num mar de enganações que suga seu sossego, sua paz. Desde os absurdos à fatos mais sutis e meticulosos que os escandalosos. Eles se desenham nas entrelinhas do que chamamos da exploração do capital. Onde a mercadoria - por trazer mais lucro, tem mais valor que o bem estar humano. Um exemplo disso cabe à exploração através da compra que se obtém sacrificado, quando se obtém por necessidade de saúde, um remédio. Ele que foi feito para lhe curar uma doença vai lhe trazer outro tipo de problema porque afinal é procurando outro remédio para aquele outro mal levantado, onde a indústria farmacêutica irá obter o famigerado lucro. Ou quando você vai bater uma vitamina para alimentar seu filho ou a si próprio e o liquidificador (que foi caro) quebra facilmente a pecinha do fundo do copo que foi desenhado pela engenharia para quebrar e você comprar outro e gerar lucro para o fornecedor. Não importa o mal estar do explorado, importa mesmo a mercadoria que irá trazer lucro ao explorador..
No entanto, esse mesmo explorador, ou o político ou o capitalista, ganha o conforto, o fetiche dos prazeres mas que também ( isso é um fato ) não o redime da contingência humana que o limita e não o livra também da dor. Apenas muda o cenário. Por exemplo: O(A) político (a) que desconjurou-se quando viu a noite o asco que saiu da boca, da face da esposa comprada: jovem, bela, fútil e que o rejeita. ( Ou vice-versa com outra representatividade de gênero). Olha-se no espelho, e não fica feliz com os sinais da velhice ( mesmo com os cremes importados e as plásticas) que o (a) desnorteia por não ter maturidade e discernimento de se aceitar. Ou a doença incurável do neto cujo dinheiro não é suficiente para salvar sua vida. Lembrando a ele que essa mesma política do "lucro acima de tudo", impede a descoberta da cura do câncer, da aids e outros males pois "a procura infrutífera" levanta mais lucro que o resultado a curto prazo. O mal estar que circunda essa vivência do "Homem Lobo do Homem", está além da compreensão daquilo que o poeta denuncia e a ciência confirma: Somos unos, sistêmicos, tudo afeta a tudo e a todos de forma direta ou indireta. E ninguém pode ser feliz ou infeliz sozinho.
E assim vai se tecendo a teia da vida onde a falta de ética se desenha nos fios frágeis que estouram a cada instante nas telas da rede. Quer nas políticas internacionais de armamentos bélicos onde faz-se guerras para vender armas que matam os filhos e filhas dos produtores e das vitimas. Quer nas políticas do mundo interno de uma falsa educação que transmite valores distorcidos, alienação, preconceitos, ignorância e fomenta todo tipo de violência.
E o(a) escritor(a), poeta, não pode mais falar livre das borboletas e do cheiro das flores por sentir em seu hálito infiltrar-se o chorume desse lixo que a tudo infecta por ser liquido, invasivo, deixando tudo morno sem congelar, nem ferver.
- Tânia De Oliveira - 10 de maio de 2017/ 09:05)