VELOZES E CURIOSOS.

Moro em Brasília, minha filha, no Rio de Janeiro. Dia desses, estávamos juntas no aeroporto de Bsb e ela, curiosamente, fez um comentário que me chamou atenção pois, eu já havia, em meus pensamentos, feito a mesma observação. Dizia ela: “Como pode? Moramos em estados diferentes e bem distantes um do outro, são mais de mil quilômetros nos separando, mesmo assim, dentro de uma hora e meia, aproximadamente, já estarei em terras cariocas.”

E, não, é? A modernidade driblando o tempo. Nos posicionamos no interior desses pássaros de aço e rodamos mundo. Em poucos minutos, nos vemos nas alturas do azul infinito. Voar tornou-se uma prática, sem a qual, não conseguimos mais ficar. O grande ´pássaro de prata nos transporta feito mágica mundo afora. Voar foi sempre um grande sonho dos homens. E os sonhos quando acreditados e tentados incessantemente, quase sempre, tornam-se reais.

Hoje, o tempo não mais nos presenteia com o seu passar vagaroso, preguiçoso e bondoso. Hoje, o tempo disputa velocidade com o pássaro de prata. São tempos líquidos e escorrem pelos dias, pelas horas, pelas vidas.

Sem dúvida, o mundo anda altamente conectado. Mas o estranho de tudo isso, de toda essa modernidade, todos esses inventos tecnológicos para nos facilitar a vida e fazer com que ganhemos tempo, é que, nos afastamos fisicamente. Nos velhos tempos, quando ainda a comunicação se dava por meio do telefone, ouvíamos mais a voz dos amigos, parentes e etc. Hoje, reina a comunicação instantânea. E cada vez menos, sentimos o abraço gostoso de alguém querido, cada vez menos, temos o “olho no olho”, a conversa jogada fora numa mesa de bar, um passeio contemplativo, o encontro físico de um humano com outro. É, há sempre um preço a se pagar.

Fico a pensar, em como estará esse “Mundo de meu Deus”, num futuro próximo. Por vezes, imagino que teremos ocupando a vaga na garagem de casa, mini espaçonaves prontas para passeios interplanetários incríveis...Quem viver...verá.

Elenice Bastos.