MAIS QUE UMA CRÔNICA DA VIDA REAL, UMA CRÔNICA REAL DA VIDA....

Poema?! Não... Mas o que vou lhes contar é mais que poesia

Ou tudo junto... Nem sei.

Semanalmente, costumo buscar o expediente da escola...

Isso é só uma rotina.

Sempre que vou, e isso vai fazer três anos, uma mulher, de nome Rita – meia idade (parece ter algum problema de disritmia) sempre sorridente, fala com todos, e muito alto... Numa inocência que enternece. Todos já a conhecem, respondem a seu cumprimento, quase que mecanicamente.

Percebe-se que para os passantes não é diferente do portão, do poste elétrico, ou até da lata de lixo reciclado... Sempre a observei detalhadamente: tem feições finas, bonitas; olhos esverdeados e um tom de pele bonito, bronzeado pelo sol e de andar pra lá e pra cá.

Quando chego, já a procuro com o olhar, para ver onde está. Hoje, como estava apressada e ela estava um pouco distante, acenei-lhe de longe e ela me retornou o aceno com um sorriso aberto, incandescente e o braço lá no alto, para que eu enxergasse bem... Travei o carro às pressas e fui cuidar da “burocracia da escola”.

Demorei mais do que o desejado; muito para a minha pouca paciência.

Na saída, já mais aliviada do peso da responsabilidade, parei na cantina, para tomar um delicioso café. Sempre que Rita me vê já vem correndo, pois eu lhe pago um salgadinho com um refrigerante. Já é de praxe. E ela come como uma criança que ganhou uma fina iguaria... Estranhei que não estivesse ali à minha espera. Até senti falta dela...

Como não conseguisse revê-la, dirigi-me para o carro para ir embora. Ao chegar, uma surpresa interessante me aguardava: Rita estava ali, grudada na janela do banco traseiro, tentando esconder alguma coisa com o corpo. Quando cheguei afastou-se e muito séria disse:

- Ainda bem que eu vi quando você saiu e vim correndo encostar aqui, para que ninguém descobrisse que estava aberta!

Por distração, eu havia deixado uma das janelas do banco traseiro totalmente aberta, com sacolas de roupas e algumas caixas, além do som, muitos CDs e outros pertences. Não me importei nada com o perigo iminente de ter as coisas roubadas, até merecia pela falta de atenção. O que me deixou impressionada foi a seriedade com que ela guardava o meu carro, como quem guarda um tesouro! Agradeci e dei-lhe um abraço tão forte que ela sorriu alto e disse:

- Isso é um abraço, não é?

E eu lhe disse:

- Sim... Por quê? Você não sabia?

E Rita me disse:

- Saber, eu sabia. Só que até hoje nunca ganhei nenhum!

Seus olhinhos brilhavam, cheios de alegria... Desta vez, não paguei nenhum salgadinho para Rita... Não... Mandei que entrasse no carro. Levei-a ao shopping próximo e nos esbaldamos no McDonald: big-mac, fritas, sorvete... Delícias!!!! Perguntei se ela queria algum presente, e ela me perguntou:

- Que presente?

E eu:

- Uma calça jeans e uma blusa bonita, ou sandálias... O que você gostar.

A mulher... De seus quarenta anos na aparência e cinco no coração e um milhão na alma pura e limpa, disse-me, simplesmente:

- Não... Não... Minha querida... Roupa eu ganho sempre... Então você pode me dar uma boneca Barbie? Eu sonho com ela desde que era pequenininha... Assim, oh!

E fez com o dedo indicador e polegar um gesto de que media uns dois centímetros...

Dei-lhe o presente.

E confesso que não me lembro de um fato tão único... E “tão meu”, nesta minha vida onde momentos tão inusitados me deixam gostar um pouco mais de mim mesma.

Sei que somente "os sensíveis" vão ler este relato

até o final... Mas não importa!

É tão verdadeiro e gratificante, que não me importo de lê-lo, eu mesma, todas as vezes

que entrar aqui...

E encher de palavras carinhosas todos os espaços....

Dizem que isso se chama "narcisismo".

Quero lá saber!

EU

ME

AMO!!!!

E PRONTO.

(MILAZUL)

Milazul, ou Miloka, como a chamamos muitas vezes, é uma das almas iluminadas a derramar luz pelo FlogBrasil. Nesta Crônica Real da Vida, nos mostra o quanto a perfeição pode ser e é Suave, Fácil!!! Entrem no flog dela, garanto-lhes, VALE MUITO!!! Abaixo o link.

http://milazul.flogbrasil.terra.com.br/

Valeria Trindade
Enviado por Valeria Trindade em 09/08/2007
Código do texto: T599392