PRESOS PELOS HUMANOS
Eu estava olhando os técnicos consertarem a cerca elétrica da nossa casa, e fiquei pensativo sobre o meu pensamento. Antigamente nós tínhamos uma bonita cerca com madeira cuidadosamente cortada, pois tudo aquilo que ficava à frente da nossa casa era visto como uma forma de dar as boas vindas aos que nos visitassem. A nossa cerca era o meu pai quem a fazia, e me lembro de que nas partes superiores ele até fazia umas pontas com o serrote, que era mais para enfeite do que para alguém pular, pois o portão apenas era fechado com uma tramela, uma forma rudimentar de como manter o portão devidamente fechado, feita com um pedaço de madeira entalhada com uma machadinha, que era para dar o efeito de “tramela”. E nós, e a nossa família, éramos “soltos”. Nunca, naqueles tempos eu imaginaria que um dia nossa família seríamos “os presos” na própria casa.
E que são os presos de hoje, somos nós e a grande maioria dos bandidos está cada vez mais solta, muito embora estejam um grande número deles presos, fazendo o número de vagas totalmente supridas, e às vezes triplamente ou até mais, supridas. De tantos bandidos que temos atualmente. E quando existe uma rebelião nas casas de detenção, os presos ficam pedindo mais compreensão dos seus direitos e até alegando que são maltratados – mas apesar estão mais bem tratados do que os males ocasionados pela maioria quando estão assaltando, armados e com comparsas e quando não matam, ameaçam componentes da família, e deixam os demais familiares traumatizados. Estes direitos dos assaltados, os tais de “direitos humanos” nunca dão assistência ou tenham pena deles, mas dos bandidos tem. Eu aprendi que isso se chama inversão de valores na nossa incompreensível sociedade.
São cercas elétricas, cadeados, correntes, câmera de presença e alarmes, vivendo todos nós mantendo as indústrias da boa segurança, cujos gastos que nós custeamos, e que não tínhamos antigamente e nem estavam previstos nos nossos planos como gastos da família.
Ao andarmos na rua temos que nos cuidar dos seres “humanos”, ou ficarmos trancados em nossas casas principalmente durante a noite. Mas me ajudem a pensar. A minha esposa já foi assaltada, minha filha também, minha casa também, e se perguntarmos para alguém, acho que todos já tiveram algum tipo de agressão por bandidos. E quantos outros já sofreram latrocínios, em fim eu pertenço a essa raça de “humanos”.
Se pudesse eu diria: > sou da raça dos animais, para não envergonhar-me.
Hoje nós temos que dizer que somos humanos, mas pertencemos na parte do bem, e é claro que esses humanos existem. Isso faz parte para que os nossos semelhantes, não nos comparem com a parte do mal, apesar de ouvir falar que todos os “humanos” são feitos pelo mesmo criador e por isso é uma raça perfeita, como se não fossem eles os “humanos” que assaltam, e que criaram as armas, que matam através do trânsito, que criaram os tóxicos e que matam até por prazer, sem falar nas guerras, e nós que somos do bem, não temos chances de sermos poupados por quem criou o ser humano, e somos nós é que temos que nos cuidar, e os que não se cuidarem, estarão aí pelo mundo morrendo pelas mãos humanas, não importando as suas crenças ou sem crenças, todos estão à mercê dos bandidos desumanos, pois ao vermos as notícias estampadas nos noticiários, não existe nenhum ser humano que esteja isento da bandidagem.
Quem mais se cuidar, mais tempo habitará este mundo, compostos por muitos bandos de pessoas que não souberam ou não conseguiram usar as suas inteligências para o bem, e tampouco conseguem se livrar dos grandes males que os acompanha, e mesmo sendo um percentual menor do que os bons conseguem fazer muita destruição para famílias inteiras, e por isso todas as casas e empresas não podem deixar de usar todas as tecnologias de segurança para se proteger dos nossos “semelhantes” que nos enganam por terem a mesma figura física nossa, que somos do bem.
E tem muitas pessoas estudadas e outras com as suas crenças, que tentam ou encontram as suas explicações. Mas eu também tenho a minha. Bandidos não podem ter a segunda chance, como acontece com muitos que saem dos presídios e são presos pela quarta, quinta, décima vez, e nós somos os que sustentam todo este aparato e as comidas usadas para estes fins. Aonde queremos chegar, ou aonde já chegamos.