CRIANÇA ASSUSTADA
O armazém do meu pai em Passo Fundo/RS, ficava numa distância de alguns quarteirões donde nós morávamos. Naquela época as ruas não eram tão bem iluminadas, como as de hoje. Minha mãe, de noite, pediu-me para que eu fosse até o armazém do meu pai buscar açúcar - Lembrando que ainda não existia açúcar em pacotes, era a granel e embrulhados em papel solto. Eu até aprendi a técnica de embrulhar açúcar, farinha etc. com o manuseio dos dedos de ambas as mãos, para fechar o papel solto, enrolando-o para formar uma espécie de saquinho.
Vinha eu de regresso com a encomenda e com medo da escuridão da noite, medos próprios de criança, fraca por natureza e com aquele pacote de açúcar, com muito cuidado para não derramar. Quando ao aproximar-me da nossa casa, um menino maior estava escondido atrás de uma árvore, escamoteado pela escuridão com o intuito de me assustar.
Quando eu passei junto à árvore, ele, o menino saltou na minha frente como um relâmpago e com um grito horripilante, me causando o maior susto da minha vida e talvez o maior susto que ele tenha aplicado em alguém.
Fiquei tão apavorado que os cabelos arrepiaram, e deu-me uma tremedeira com o movimento que fiz, saltando açúcar para todos os lados. Como eu já era medroso pela minha complexidade física, aquele susto deve ter atingido alguma parte do meu cérebro. Naquela época não sei como se chamava, mas hoje, chamamos essa ocorrência de trauma de infância. Era também a forma que chamavam naquela época. Acho que não mudou o termo.
Acabei no futuro praticando artes marciais, como uma forma de compensação pelos medos e pela minha complexidade física. Eu tinha necessidade de brigar com alguém, batendo ou apanhando para buscar algum equilíbrio e melhor lidar com os meus medos e o meu pequeno físico.
Ainda hoje tenho medo de dormir em uma casa no escuro sozinho, apesar de administrar bem esta carência. É um problema da mente. Não temo assalto, apesar de me cuidar, nem acredito em algum tipo de assombração. São medos que ficam no nosso cérebro, e temos dificuldade em arrumar.
Vinha eu de regresso com a encomenda e com medo da escuridão da noite, medos próprios de criança, fraca por natureza e com aquele pacote de açúcar, com muito cuidado para não derramar. Quando ao aproximar-me da nossa casa, um menino maior estava escondido atrás de uma árvore, escamoteado pela escuridão com o intuito de me assustar.
Quando eu passei junto à árvore, ele, o menino saltou na minha frente como um relâmpago e com um grito horripilante, me causando o maior susto da minha vida e talvez o maior susto que ele tenha aplicado em alguém.
Fiquei tão apavorado que os cabelos arrepiaram, e deu-me uma tremedeira com o movimento que fiz, saltando açúcar para todos os lados. Como eu já era medroso pela minha complexidade física, aquele susto deve ter atingido alguma parte do meu cérebro. Naquela época não sei como se chamava, mas hoje, chamamos essa ocorrência de trauma de infância. Era também a forma que chamavam naquela época. Acho que não mudou o termo.
Acabei no futuro praticando artes marciais, como uma forma de compensação pelos medos e pela minha complexidade física. Eu tinha necessidade de brigar com alguém, batendo ou apanhando para buscar algum equilíbrio e melhor lidar com os meus medos e o meu pequeno físico.
Ainda hoje tenho medo de dormir em uma casa no escuro sozinho, apesar de administrar bem esta carência. É um problema da mente. Não temo assalto, apesar de me cuidar, nem acredito em algum tipo de assombração. São medos que ficam no nosso cérebro, e temos dificuldade em arrumar.