O Tempo, a Pressa e o Imediatismo
Já dizia Carl Honoré em seu livro "Devagar" que *a tecnologia vicia*, porém sabemos que todo vício é nocivo.
Em busca dessa velocidade para chegar aos objetivos, estamos encontrando meios *imediatistas e impessoais*.
As cartas perfumadas, com caligrafia caprichada, ansiosamente aguardada por dias, meses, foi substituída pelo telegrama, curto e formal, sem afetividade ou emoção. Porém ainda não era o meio mais rápido.
Chegou o telefone, onde uma pessoa poderia falar com outra a quilômetros de distância. As amizades se estreitaram e a saudade poderia ser diminuída a cada vez que o telefone tocasse.
Mas a velocidade vicia e ninguém para o progresso e nessa avalanche tecnológica veio o computador e seus derivados: e-mail, Orkut, MSN, Flogão, Blog, Flog, Telegram, IMO, Facebook, Instagran, Twitter e o telefone que não precisava mais ficar preso a uma mesinha na sala de casa, o celular e as mensagens SMS e MMS.
Mais uma vez foi substituído o contato pessoal pelos meios virtuais. Imediatamente, de forma impessoal, enviamos lindíssimas mensagens em massa para que todos os nossos *contatos* se sentissem lembrados. Mensagens que muitas vezes apenas recebemos e repassamos, sem sequer saber seu conteúdo. De novo a pressa, a velocidade que vicia. Nossos amigos se transformam em números e uma ligação se transforma em *prova de amor*, pois falar com o outro deixa transparecer as emoções que sentimos e não queremos demonstrar fraqueza ou outros sentimentos​.
Se estamos tristes, enviamos uma carinha de olhos abaixados e não precisamos nos explicar. Se estamos com raiva, brigando, xingando ou dando gargalhada, mesmo falsa, é só colocar um bonequinho e ele fala por nós.
Ligar para telefone convencional ficou tão arcaico que até empresas usam celular e redes sociais para contratar ou se comunicar com clientes e fornecedores.
E se você for apegado ao olho no olho, um abraço com três beijinhos ou aquele bom dia a quem passa do seu lado, corre o risco de ser deixado de lado, taxado de analfabeto tecnológico, desconectado do mundo que o cerca.
Mas quem é você nesse mundinho corporativo?
Refém da tecnologia, Escravo da tecnologia ou Usuário da tecnologia?
A maneira como você se comporta em relação a outras pessoas vai designar seu futuro.
O Refém será esquecido, obsoleto. O Escravo será ansioso e solitário e o Usuário espero que sejamos nós, que apesar de tudo que nos oferece a tecnologia, sabemos que ela não substitui o abraço apertado, o olho no olho e a frase: *Que bom ver você!*
By Claudia Nunes