Devaneio de uma metrópole
Sinto-me uma pessoa incompleta, humilde e sem caprichos. As pessoas dizem que quanto mais você vive, quanto mais você sofre adversidades, mais você se torna uma pessoa forte e cheia de si.
Sinto-me uma pessoa incompleta, humilde e sem caprichos. Quanto mais você tenta se prezar, se afastar de coisas ou pessoas ruins, mais sozinho você se torna. Ao mesmo tempo, quanto mais você tenta se enturmar com as pessoas (porque as pessoas de certa forma são uma necessidade), mais você é ignorado e colocado em segundo plano e aí, depois de tudo isso, aparecem os mesmos discursos de autopreservação novamente.
Sinto-me uma pessoa incompleta, humilde e sem caprichos. Meu quarto é uma ilha. Aqui não há contendas. Não há ideologias. Não há nada. Só o pensamento e redes-sociais, mostrando fotos de pessoas se divertindo, elucidando a impressão de que você não participa do mundo e que tampouco vive.
Sinto-me uma pessoa incompleta, humilde e sem caprichos. Uma pessoa que gostaria de viajar, mas que não tem condições financeiras para isso (quão cruel é uma sociedade capitalista).
Sinto-me uma pessoa incompleta, humilde e sem caprichos, enfrentando um mundo cheio de pessoas traumatizadas com a vida, mas que se escondem atrás de máscaras que mostram resiliência.
Não há resiliência quando a pessoa não é verdadeira para si. E a verdade é que somos pessoas incompletas, humildes e sem caprichos.