MUNDO CÃO.

Ele chegou à cidade grande, mas tudo que encontrou era muito diferente do que imaginava, sonhava. Logo se enganchou a uma mulher que perambulava pelas ruas. Juntos passaram a caminhar, esmolar, repartir a comida que conseguiam e a dividir um canto sob um viaduto, marquises e por aí afora. Um filho nasce, e assim os três seguiam pelas imundas estradas da vida. O tempo corre ligeiro e o filho já está com mais que três anos. O pai, há bom tempo, passara a catar papelões, latas, pedaços de madeira, o que pudesse achar para vender. Por sorte, conseguiu encontrar uma tenda meio rasgada, que servia para abrigar a família. Todas as noites, eles fazem parada para dormir dentro da tenda, ao lado de sacos de lixo originado de um restaurante, e que aguardam o caminhão da coleta. Acabaram arranjando um companheiro, um vira-lata mal cuidado, porém fiel que sempre está ao lado deles. - Eu sempre notava aqueles três e, pelo que soube, nunca passou algum assistente social ou tutor cautelar, para dar condições melhores àquela família, principalmente à criança.

Há dois dias eu passava por ali onde se “hospedam” e ouvi o cão dar um latido seco. Ele avisava sobre a chegada de um rato. Ouvi também a voz do menino dizendo: Pai, pega o pau, tem rato querendo entrar ! - O pai imediatamente dá uma paulada perto da entrada da barraca. O rato, que estava mais para ratazana, saiu “voando” para bem longe. Nisso escutei a voz da mãe que disse: Agora vamos dormir.

MUNDO CÃO é isso.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 06/05/2017
Reeditado em 06/05/2017
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