Dois Segundos no Trânsito
Fizera sol a semana inteira, o clima estava perfeito para aproveitar o sábado que acabara de começar. Chegar a cozinha para preparar o almoço e lembrar que tinha esquecido de fazer compras não era um acontecimento rotineiro, mas desta vez tive de fazer uma pequena visita ao supermercado. Minha irmã Ana alcançou-me quando já estava na garagem e tive de levá-la junto.
Sem dúvida, pensar em ter que sair na rua em horários de pico é simplesmente um terror. Aquele amontoado de carros e motos traz uma sensação de desequilíbrio interior, tanto para o corpo como para a mente.
Depois de meia hora na fila para pagar a conta, ''obrigada'' era uma palavra meio sem síntese a se dizer para a atendente, mas o fiz mesmo assim; pego meu carro e vamos para casa. No meio do caminho, o que já era de esperar-se nos tempos de hoje, paro quilômetros atrás de uma fila de automóveis, que estavam ali por consequência de um trânsito congestionado. Ana não largava seu fone de ouvido no volume máximo. Em frente ao volante comecei a pensar na vida, observar o ambiente que nos cerca. Esperar não é um dom que me fora concedido. Isso deixava-me inquieta e nervosa.
Alguns motoristas já estavam tão impacientes que sabiam somente reclamar em alto som. As buzinas eram pertinentes. A fumaça proveniente dos automóveis criara no ar uma grande nuvem cinza, que estampava a enorme poluição da cidade. A pior parte é que esses gases tóxicos fazem mal tanto para o planeta como para a saúde, acumulando-se no organismo e causando doenças respiratórias.
Estava perdendo-me em pensamentos, até que, dois segundos foram o bastante para que acontecesse uma tragédia. Quando ouvi um barulho estrondoso, que levou-me a cogitar o que é realmente viver. Fiquei inconsciente por alguns instantes. Na retrospectiva que tive tudo passava pela cabeça, momentos da infância e aniversário. Até voltar àquele ambiente de turbulência, mal consegui abrir a porta do carro e me detive na cena que via. Minha primeira ação foi ver se Ana estava bem e graças a Deus sim.
Um carro que estava seguindo em alta velocidade, o motorista falava ao celular, não conseguiu parar e acabou por colidir, arrastando pelo menos cinco automóveis posicionados na fila congestionada. Três pessoas estavam gravemente feridas, as outras apenas leves arranhões. A emergência chegara logo e, sem hesitar, rapidamente direcionou-se ao hospital. Não sei como explicar ao certo, só sei que agradecia muito por estarmos sãs e salvas.
Após o susto, voltamos para casa aliviadas. Parei para pensar no dia que se passara. O trânsito está cada vez mais difícil, devido ao aumento de automóveis que circulam pelas ruas e a imprudência dos motoristas. É preciso ter calma e paciência sempre, agindo defensivamente do bom senso.