A JORNADA DE UM AVALIADO ("Enquanto tu não tiveres a autovalorização, maior será o desprezo contra ti." — João Alfredo Tchipilica)
Era uma sexta-feira, o dia em que as avaliações institucionais começaram. Eu já tinha me preparado para trabalhar no sábado, mas, pedindo a Deus meu perdão antecipado, decidi descansar como manda o mandamento, mesmo que fosse nos braços do capeta. As responsabilidades não podem ser transferidas para a segunda-feira, então... Nem sempre estou no controle das situações. Que venham as consequências a quem é de direito!
Comecei pedindo ajuda para abrir a página da avaliação funcional, pois demora muito! Lendo e refletindo nos quesitos, atribuí valor 10 por meu desempenho. Em todos, dez, nenhum zero, porque os itens de avaliação parecem me pedir ajuda! São tópicos culturais e técnicos, revigoraram a lembrança de minha rotina; detonam meus ânimos. Todavia, também foi possível me deixar envolver pela preguiça, o "ócio criativo", depois que tomei a atitude de não pensar demais, só sentir. Uma questão responde a outra. É princípio de bom senso, dê-me a nota que você deseja ter. A minha é dez.
Na vida, sempre dei mais atenção para quem eu amo, mas agora jamais me esquecerei de investir em mim mesmo. Simplesmente, não foi possível conciliar as duas coisas. "Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar." (Friedrich Nietzsche). Como posso amar o próximo se não amo a mim mesmo? Então preciso desenvolver minhas habilidades e trazer à tona todo o meu potencial justificando minha autoestima aflorada. Por isso, devo demonstrar meu amor por eles com outra intensidade!
Não é porque eu não tenho em meu currículo o mínimo necessário aos cargos que almejo que devo me sentir menos ser humano. Eu estou consciente de meus limites e potencialidades. Alguma aresta está me impedindo de progredir em alguns casos. Contudo, vou amadurecer e atender de fato as pessoas sem perder o equilíbrio! Aconselha-me Abraham Lincoln: "Não se preocupe quando não for reconhecido, mas se esforce para ser digno de reconhecimento."
Estou aproveitando o final de semana prolongado para abraçar com criatividade as demandas do trabalho, sempre disposto a contornar diferenças ideológicas, evidenciadas pela tensão na área comunicativa. Terei êxito. Mas, terei que voltar a atenção para mim mesmo e para minha aparência. Pois na avaliação institucional consta este item. Tenho que cuidar mais de meu corpo, minhas roupas, e sempre me apresentar bem quando for a alguma atividade social, desde passeio com amigos a jantares formais. Chegou meu momento de ser reconhecido por meu potencial ou narcisismo. Será se vale a pena?
Ao final desta jornada, percebo que a avaliação não é apenas um reflexo de meu desempenho, mas também um espelho de minha alma. A cada resposta, a cada nota, a cada reflexão, vejo um pouco mais de mim mesmo. E, no final, não importa se sou reconhecido por meu potencial ou narcisismo. O que realmente importa é que eu me reconheça em cada linha, em cada palavra, em cada nota. Porque, no final, a maior avaliação que podemos fazer é a de nós mesmos.