BRINCADEIRAS DANÇANTES
Lá pela década de sessenta era verdadeira coqueluche. Bando de jovens regados à cuba-libre –rum e coca-cola, bebida em voga. Muitos bebiam muito e davam vexame –colocavam tudo para fora em pleno salão. Sempre em grupinhos. E rivalidade entre eles resolviam em tapas, sem maiores consequências.
O que todos temiam era o famoso tapa. O rapaz todo solicito, aproximava-se da dama e curvando-se: Poderia dar-me a honra desta dança? A mocinha só para esnobar e humilhar o rapaz, negava. Todo mundo do salão percebia o fora. Cabisbaixo se afastava. Havia os que não ligavam. Percorria todo o salão até conseguir o par.
Costumava-se fazer conluio entre os rapazes para gelar aquelas metidinhas. Ninguém dançaria mais com elas. Deixavam tomando chá-de-cadeira. Quem não obedecesse, ficava de escanteio.
Droga naquele tempo, ninguém falava. Havia um comprimido que chamavam-no de bolinha. Servia para espantar o sono. Num certo baile, alguns gaiatos ofereceram: quer bolinha? Uns tomavam dois comprimidos. Logo após, a fila para o sanitário era enorme. Tal comprimido era nada menos que um conhecido purgante.