ENTENDIMENTO COM OS ANIMAIS
 
No meu costumeiro passeio nos fins de semana fui num lugar lindo. Lindo pela sua topografia acidentada, acidente este causado pela natureza que queria que as pessoas que lá frequentassem se sentissem assim como eu, maravilhado e com um bom entendimento – eu e a natureza sem conflito.
Nesse lugar, que é meu e de todos os que lá frequentam e que pensam como eu e agem como eu, tenho um convívio com a paz, pelo menos naquele momento lá vivido e sonhado.
É um lugar que tem mata nativa, açudes, uma notável diversificação de animais silvestres. Foi lá, no fim de semana nos dias primeiro e dois de Janeiro de 2013, que resolvi ter um contato de entendimento com os animais nativos - que antes da nossa chegada já lá viviam, e mais sossegados, pois nós humanos os assustamos mais do que supostamente o contrário.
Comecei a olhar uma cigarra, daquelas cantadoras, que parecem oferecer suas canções alegres pela floresta, em coro, porque estão felizes, e também para ajudar e alastrar para o mundo as coisas boas e alegres. Ela pousou ao meu lado, como se viesse perguntar se o seu canto tinha me agradado – sim tinha me agradado, e eu estava contente por ter aquela figura cantante e artista ao meu lado – e isso não é coisa comum.
Então eu a toquei levemente com o meu dedo indicador e ela ficou inerte. Eu entendi que ela não estava se sentindo ameaçada por mim. Eu pensei em dizer a ela que eu também não a ameaçava – mas só pensei, poderia ter dito, mas ela não me entenderia.
Ficamos ali, amigos, e depois daquele entendimento, ela resolveu continuar a sua jornada em direção às árvores para continuar o seu show da vida, enquanto ela tinha a vida dela e eu a minha. Foi um entendimento com uma cigarra – amiga.
Eu tinha que retirar algumas folhas do lago e me deparei com uma cobra, em seu leito, serpenteada na grama e parecendo que queria dar um mergulho. Aproximei-me e agachei-me para olhá-la com mais detalhes, e ela nem se mexeu, e não estava se importando com a minha curiosidade humana, nem mesmo sentiu que eu fosse maltratá-la. Tive vontade de pegá-la como eu via na TV, mas a prudência venceu a coragem.
A cobra nem se despediu de mim. Fez aquilo que eu imaginava, foi serpenteando entre as gramas para tomar aquele banho de lago, mostrando ainda melhor o seu desempenho de nadadora exímia, deixando à vista todo o seu corpo, até submergir totalmente, mas deixando um espetáculo por mim admirado – foi um entendimento com uma serpente.
Depois eu e a minha esposa fomos para o lago maior e avistamos a uns cinco metros um ratão do banhado. Ele deveria pesar aproximadamente uns oito quilos – e se posicionava de costas para nós, e não nos viu. Foi que imaginei, ou nos viu e eu é que não estava imaginando. Então ficamos parados para apreciar mais aquele espetáculo, que ele, o ratão do banhado, não costuma fazer para todos.
 
Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 04/05/2017
Reeditado em 27/11/2020
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