O inventário de dona Matusalém.
Quando viveu, dona Matusalém alimentava uma penca de filhos. Era adulada pelos netos, bisnetos, trinetos, tetranetos. Somando a parentada, chegava abrigar até a 6 geração.
Uma grande família que vivia com muito "amor para dar". Matu como era carinhosamente chamada, tinha o rosto vermelho de tantos beijinhos de seus "netinhos"; as mãos calejadas de fazer angu para agradar os esfomeados. Enfim. No dia 1 primeiro de abril deixou essa para melhor.
Foi um chororó que dona Matu foi levada por um rio de lágrimas. Emocionante!
Em menos de uma semana , antes mesmo da missa de 7 dia, os filhos, netos, etc., começaram a cobrar do advogado de dona Matu a abertura do inventário.
Foi uma verdadeira guerra santa! Queriam até o dízimo que dona Matu doou a igreja.
Mas prevaleceu o velho ditado: - Deus escreve certo por linhas tortas.
O advogado chamou toda a parentada. Eram mais ou menos 100! Todos se reuniram em silêncio aguardando para meter a mão na "fortuna" de dona Matu.Como "bons" cristãos a cada fala do advogado, faziam o sinal da cruz e outros rezavam o Pai Nosso.
Bem. O advogado foi direto. Senhores e Senhoras, não teremos um inventário!? O quê? Perguntou um dos filhos.
Já um "netinho" soltou essa: - E eu?
Calma, calma, nem tudo está perdido, disse o advogado. Eu tenho aqui um Testamento!
Aplausos e muita gritaria de alegria dos "parentes".
Pedindo silêncio o advogado abriu o testamento e começou a ler.
" Eu filha de Enoque pensando em todos vocês nesses anos, deixo com muito carinho um grande e forte abraço! E quanto a minha casa, espero que vocês paguem os aluguéis ao proprietário.
Fiquem com Deus!
Bem. Nem precisa dizer mais nada. Essa é a grande comédia da família humana.
Olha só! Já estava me esquecendo de um fato. Um ano depois, dona Matusalém baixou num Centro Espírito e deixou mais um bem aos herdeiros: - Não se esqueçam de pagar o meu cheque especial!