Belchior. A minha Craviola perdeu uma corda.

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#Belchior

A minha Craviola perdeu uma corda.

Hoje me tocou na lembrança os idos de 1974. Andava pela Rua Direita em São Paulo, quando um instrumento pendurado na centenária Casa Bevilacqua me despertou à atenção.

Era um “violão diferente”, que quebrava a simetria das curvas do violão tradicional – na parte de cima parecia um alaúde e, na parte de baixo, um violão tradicional com seis cordas.

Perguntei ao vendedor da loja: - Como se chamava? É uma Craviola 6 cordas da Giannini AWKN6 1973, inventada por Paulinho Nogueira. Aquele que ficou famoso com a música Menina. Menina? Sim... aquela... Menina, que um dia conheci criança...Me aparece assim de repente, linda, virou mulher. Longo emendei: - Menina, como pude te amar agora? Te carreguei no colo menina,Cantei pra te dormir.

Bem. Depois daquele breve dueto, nem pensei duas vezes.

Paguei e fui para casa para tocar e tocar na tal da Craviola. Em poucos dias aposentei de vez o meu velho amigo violão Giannini.

Uma semana depois, uma música de nome a Palo Seco de Belchior passou a ser o cartão de visitas de meu "repertório". É claro, um repertório caseiro, modesto, simples, sem muito sucesso. Enfim, pela bela ligação da música com o poema de João Cabral de Melo Neto , a inspiração​ tomou minh'alma e comecei a tocar​, dedilhar, A Palo Seco,; Velha roupa colorida, Apenas um rapaz latino-americano, Como nossos pais e todas às músicas do poeta que nos deixou hoje. A Craviola ainda vive! Mas perdeu uma corda.

Estêvão Zizzi
Enviado por Estêvão Zizzi em 02/05/2017
Reeditado em 04/05/2017
Código do texto: T5987539
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