Sessão Nostalgia

Enquanto muitas pessoas aproveitaram o "feriadão" para viajar e se divertir, este escrevinhador matuto ficou em casa atacado pela asma e outros achaques próprios da idade, ouvindo velhas fitas-cassetes num gravador(som), relendo "Vidas Secas" de Graciliano e "Fogo Morto" de José Lins do Rêgo e, claro, rememorando o passado, curtindo a famosa sessão nostalgia. Nostalgia para mim é oapelidochique da saudade. Antes de viajarem minhas filhas e netos me chamaram de dinossauro. Sempre brincam comigo e com a minha mania de recordar o passado. Sempre que riem eu mostro o velho cadeno escolar que tem na capa uma frase de Antonio Maria: "Não desprezeis minhas humildes saudades, mas buscai, em vossa meninice, lembranças parecidas com estase elas vos restituirão um certo apego, um pouco de bem querer aos dias de hoje, tão sem graça na sua maioria". A outros, que também me censuram, mostro uotra frase, essa de Luiz Cristovão dos Santos: "Na verdade ninguém esquece os caminhos da infância. O pequeno país que ficou sepultado na bruma. Todo homem guarda no coração a mensagem que lhe entrou pelos olhos mal-abertos para os mistérios da vida. O importante, porém. é reconquistar a pasisagem perdida. Encontrar, novamente, os velhos caminhos. E por eles andar, de alma alegre, vendo desfilar o rosário das emoções ressuscitadas".

Penso quecada pessoa, refiro-me aos mais adentrados nos anos, possui um modo peculiar e próprio de evocar o passado. Eu uso vários macetes. Deles a música é o mais eficiente junto com fotos antigas. Há tamabém expressões antigas que são tiro e queda para incintar a memoria a recordar o passado. Uso outro recurso: contemplar um quadro pintado por um antigo fncionário do DNOCS, Seu Lindolfo, e presenteado a meu pai há mais de 50 anos. É o único objeto da antiga casa de meu pai que possuo. Esse quadro ficava na parede da sala de jantar. Ali havia uma mesa e quatro cadeiras. Quandoeu tinha meus acessos de asma, na adolescência, ficava sentado ali contemplando o quadro. Meu pai vinha e então me aplicava uma injeção subcutânea de soro Elebecê ou Heckel, e asma ia embora, mas eu ficava tremendo que nem vara verde devido ao efeito da injeção, o coração aos pulos tocando timbalada, mas eu continuava fitando o quadro, fantasiando que aquele barquinho que ele retratava estava singrando os mares de loucura, como dizia um versdo do bolero "La Barca".

Agora mesmo a estou ouvindo numa fita antiga um frevo doe Antonio Maria sobre os antigos carnavais do Recifeqe diz: "Ah saudade, saudade tão grande...", mas eu recvordo mesmo é dos carnavais antigos de Arcoverde, que um amigo de pai chamava de "entrudo".

Tenho prazer em recordar o passado, e o meu lazer predileto, serve de gozação, eu sei, mas nao sem viver sem atiçar a saudade.

Por fim, acho que estou enchendo o saco, sei que ninguém quer saber dessa minha roedeira pelo passado, mas vou apenas citar um verso de um cantador pernambucano, Antonio Pereira, que acho uma das melhores definições desse tipo de sentimento: "Saudade é um parafuso/ Que quando na rosca cai/ Só entra se for torcendo,/ Porque batendo não vai,/ E enferrujado dentro/ Nem destorcendo sai".

Feliz feriadão para todos. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 29/04/2017
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