Loucura Politizada

Em 18 de Maio de 2001, me deparei na Praça Sete, com um ato do “Movimento da Luta Antimanicomial”. De repente, bate em meu ombro um ex vizinho, todo fantasiado para a passeata intitulada; “Abram alas para a loucura”. Sem que lhe perguntasse, revelou-me que fazia tratamento psiquiátrico. Olhando-me fixamente, notou que eu usava um botom com a marca da minha opção partidária. Ato contínuo, pôs-se a falar mal acerca da atuação da administração federal. Fiquei impressionado com o seu discernimento e posicionamento político. Tentando testar seus conhecimentos e sua opção para candidatos a presidente da república, para as eleições de 2002, citei candidatos neoliberais e direitões. E se votaria em alguns deles. Respondeu-me enfático: “sou louco, mas não sou burro!”. Naquela época a direita não tinha inventado o termo coxinha. Pus-me a pensar : quem será mais burro ou mais louco na atual conjuntura?

Mandei em forma de carta para redações de alguns jornais, mas não tenho certeza se foi publicada.

Lair Estanislau Alves.