Desabafo
Eu não sou racista, bairrista e nem preconceituoso. Mas tem coisas que eu não engulo. Fica atravessado na garganta. E eu vou desabafar com vocês! Todo mundo sabe, que o forró é nordestino. Que foi Luiz Gonzaga que mostrou para o mundo todo, os costumes, a fauna, a flora e a cultura do nordeste. É patrimônio nosso! Enquanto o forró estava só por aqui. Ia tudo bem. Mas como o que é bom se espalha, e eu acho correto. Tudo mundo tem direito ao que é bom. Foi chegando ao sul maravilha e já foram modificando. Forró Universitário. Beleza! Mas acharam pouco. E foi surgindo forró desses, forró daqueles. Virou uma depravação! A melodia esta troncha, não tem nada a ver com o forró pé de serra. A letra... da até vergonha de se ouvir. Não tem história, conteúdo, é pura denegri nação principalmente a mulher. Mas o pior mesmo que eu acho! É com a dança do forró! Mudaram totalmente. Agora é uma coreografia. Que é um verdadeiro exibicionismo que não tem nada a ver com o forró. Inventada por quem não gosta de mulher. Só pode ser. A mulher é uma simples boneca. Vai para um lado, para outro se agacha. O homem, requebra, rebola a bunda e deita no chão. Minha gente! O forró foi criado por quem gosta de mulher, quem trata a mulher com carinho. Dançando agarradinho, sentindo vazio com vazio, rosto com rosto e coração com coração. Eu sou de um tempo, que o forró no interior começava às seis da tarde, iluminado por velas de cera de carnaúba ou por lamparinas. E ia até o sol nascer. O caboclo chegava sedo. Ficava olhando as mulheres chegar. E já escolhia a que ele queria para ser sua. Às vezes acontecia que ele escolhia uma e ela não queria ou não gostava da fruta. Já ia logo colocando a mão nos peito do caboclo. Como quem dizendo não encosta que eu não quero. Tudo bem! É um direito dela. Mas quando o caboclo acerta com uma mulher que gosta de homem. E gosta ainda mais de uns amasso! É bom demais! Ela já chega atracando no pescoço e colando corpo com corpo. E o caboclo vai levando-a nos quatro cantos do salão. Bem devagarinho, sentindo os batimentos do coração. Ai quando chega naquele cantinho escuro. Todo salão de forró no interior tem um cantinho escuro, sem lamparina. É o lugar mais disputado por aqueles casais que gostam de um arrocho. Ai você esquece-se do tempo, só curtindo aquele corpo macio, quente colado no seu. Tem coisa mais mió? Tem não! É arrocho, é chamego e beijos. Quando o caboclo vê. O dia já raiou! É assim que é o autentico forró nordestino, forró pé de serra. Viva Luiz! O rei do baião!