Au revoir
Tlic, tlic.
Ele deu petelecos no vaso.
Eu me senti quebrar.
- Tira as mãos daí, fazendo o favor!
Ele foi então para as cortinas.
Fechava, abria, girava de um lado para o outro.
Eu me senti rasgar.
- Será que você..
Ele entendeu antes que eu terminasse de falar e foi em direção à geladeira.
Abriu a porta e ficou pensando.
Eu me senti gelar.
Mas quem sabe assim ele tivesse alguma idéia melhor do que fazer.
Deixei que ele pensasse por mais uns 5 segundos, mas nada.
Ele continuava a olhar fixamente pro pote de margarina, bolando algum plano, programando o sábado, ou sei lá que diabos.
Me senti arrepiar.
- Fecha isso que a luz não é de graça.
- Você só sabe reclamar...
- Sou eu quem arca com os prejuízos aqui.
Ele sentou do meu lado, pegou a minha mão e me deu tchau, disse que me ligava mais tarde.
Me senti implorando pra que ele ficasse, mas não falei.
Bati a porta atrás dele, desliguei a televisão e afundei a cara no travesseiro.
Ele era uma ameaça constante aos meus pertences e a mim.
Me senti uma estúpida.
Fez um nó na garganta, que se desfez em água com com sal.
Dormi, ainda me sentindo uma estúpida, abraçando o celular.