PARTICIPAÇÃO POLITICA E CAUTELA DE SOBREVIVÊNCIA ( I )

Fui um adolescente e jovem encantado com história, ciências sociais e acabei aos quatorze anos iniciando minha vida de militante no Partido Comunista Brasileiro, vi em 1967 o ídolo da juventude rebelde e guerrilheiro argentino Che Guevara através de jornais morto na Bolívia pelos americanos e seus colaboradores da América do Sul, Che havia participado da luta pela libertação do povo cubano, foi lutar na África e tinha exercido o cargo de Ministro de Cuba pós Revolução de 1959.

Estes fatos políticos, os filmes que assisti sobre a Revolução Russa, a Batalha de Argel, as histórias que ficava sabendo através de estudantes e militantes clandestinos me animaram e descobri que um conterrâneo chamado Apolônio de Carvalho corumbaense de nascimento, lutará na Espanha e contra os nazistas na Itália, na França e na Espanha. É claro que o nosso espírito jovem e o desejo de ver o Brasil socialista naqueles dias me influenciaram muito, nessa idade somos mais atraídos pela paixão, pelo amor a causa e pelo desejo de aventuras e participação, do que propriamente dito pela lógica, pelo pragmatismo e pelo conhecimento claro dos fatos.

Acabei distribuindo panfletos do PCB clandestino na porta da fábrica ITAÚ de Corumbá, no porto da cidade, em Aquidauana, em Ladário e até em Campo Grande e na vizinha Bolívia, participei da luta pelas direta já, organização de vários sindicatos e associações, fui liderança estudantil, dirigente sindical e com a legalidade participei da Campanha de Fausto Mato Grosso a prefeitura de Campo Grande-Ms, era uma loucura total, éramos xingados nos bairros da cidade. –Comunista! Terrorista e outros palavrões mais desagradáveis e até agressões físicas sofremos. “““ “““ Com a idade adulta minha vida ficou difícil a sobrevivência, imaginem um “comunista” trabalhando em uma empresa, um” comunista” servidor público, pior um “comunista” militar? Pois é isso mesmo, acabei me alistando na Marinha do Brasil e em 1975 segui viagem para Santa Catarina , logo em seguida era desligado do curso de Aprendizes Marinheiros, completamente sem memórea e mandado para Corumbá-MS.

Após poucos meses me recuperei, e teimoso fiz concurso e entrei no Corpo de Fuzileiros Navais, pois os monitores eram outros e não conheciam a minha história e o pessoal do Rio de Janeiro é mais democrata e nunca ligaram muito para as conversas de subversivo comunista, etc... tomei gosto pela vida militar, porém não abandonei meu sonho socialista, fato que me custou muito caro... Em 1980 após ser preso, proibido de dar serviço com armas e ter sido recolhido em isolamento no Hospital Militar, acabei sendo obrigado a deixar a vida militar por força das sanções disciplinares que custaram muitos pontos disciplinares e a vida na caserna se tornou insustentável...

Mal sabia eu, que mais tarde teria uma grande decepção com a chamada “moderna esquerda brasileira”, para mim hoje mais fisiológicos e atrelados às benesses do poder do que o PFL e o PDS. Mas este é assunto para a segunda parta da matéria.

MANOEL VITÓRIO

Manoel Vitorio
Enviado por Manoel Vitorio em 08/08/2007
Código do texto: T598153