Salu prevaricou!

Faz uns 30 anos. Eu era muito amigo - era não, ainda sou -de um sujeito que nao tinha sorte com as mulheres. Vou fazer um parênsese para antes contar outra coisa desse amigo: na adolescência ele era vidrado em ler as obras-primas da literatura e gotava de comentá-las com os amigos que não manjavam nadinha do assunto, e de tanti ler descuidou-se de namorar as garotas e, claro, conhecer as mulheres, era gozado como sendo donzelo, essas coisas. Umdia ele chegou eufórico e disse vaidoso: - Li "Os Irmãos Karamazov", do graande Dostóievski e adorei o capítulo sobre O Grande Inquisidor. Ora, ninguém sabiao que era isso. Dentre os amigos tinha um que era muito gozador, doisão, e o professor de inglês apelidou-o de Crazy. Esse cara olhou para o metido a intelectual e falante, só falava difícil, e disse: - Você pode ter lido tudo, mas nunca viu uma mulher pelada e nunca e deitou com ela, de que adianta a porra dessa literatura? Todos rimos, o leitor de Dostóievki pela primeira vez ficou irado e disse com raiva: - Vá tomar no ânus, Crazy! Rimos novamente, ele se negava a pronunciar a palavrinha cu. Fecho parêntese.

Bom, já adulto continuou educado e falando difícil mas deu sorte nos negócios. Só não deu sorte com as mulheres. As primeiras, umas três ou quatro, ele deixoulogo após comprovar que elas estavam costurando para fora ou, como dizia VCrazy, mijando fora do caco. Mas quando ele conheceu Salu (parece que o nome dela era Salustiana, mas ela nao gostava que a chamassem assim, preferia o diminutivo Salu, ele nao conseguiu deixá-la, mesmo quando descobriu que ela tambem estava pulando a cerca. Éque o sujeito arriou-se os qatro pneus por Salu, era uma morena muito bonita, alegre, cabelolido de índia, olhos verdes, voz aveludada, muito fogosa, mas ótima cozinheira e dona de casa impecável. Aos amigos ela que tinha muito apego ao marido dizia: - Eu até gosto dele, mas naosou tuberculosa pra comer num prato só. Mas, repito, a dona gostava mesmo dele, bastava algupem implicar com ele e ela virava um siri, problema era que gostava de variar de cama.

De todas as anteriores, ele me comunicou irritado: - Rescindi a convivência, a mulher em questão nao era de confiança. Mas quando Salu começou mesmo a diversificar demais, qando já era público e notório, quando até as crianças mangavam dele, o sujeito me chamou para uma conversa em particular e depois de tomar um conhaque, só bebia conhaque, disse com voz chorosa: - Meu amigo e confidente, estou desolado: ela prevaricou. Sim, Salustiana que tanto amo está prevaricando. Não ri porque me esforcei, essa palavra prevaricar me dá calafrios, é ridícula demais. Fez-se silêncio. Então de repente ele afirmou: - Reconheço que nao posso assimilar esse golpe do destino, estou pensando em praticar um gesto tresloucado. Perguntei alarmado: - Você etá pensando em agredir ou matar Salu? Ele respondeu serio: - Não, estou pensando em suicídio, duplo como os amantes de Verona, Romeu e Julieta. Era gamado em Shakespeare. Foi então que lhe fz uma sugestão que não sei se foi correta, mas não havia outra: - Olhe, cara, você gosta de Salu, não pode viver sem ela,sabe qe ela não foi feita para um homem só, mas numa cidade atrasada como a nossa ninguem aceita isso, por que você não liquida seus negócios aqui e nao tenta recmeçar a vda, com Salu, numa cidade grande? Ele ficou alegre. Aceitou a sugestão.

Está no interior de São Paulo, rico, feliz e com Salu que depois de pintar o see tornou-se uma esposa devotada e sossegou, segundo uma amiga que a vsitou, a periquita. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 25/04/2017
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