Festa do interior
Sábado à noite, semana do Padroeiro, quermesse. O cheiro de festa no ar (ah, e de pastel também!). A comunidade toda se apronta para curtir aquela que é a festa mais esperada do ano. Cidade de interior é assim mesmo. Os poucos eventos que possui, são largamente aproveitados por todas as faixas etárias (cada qual a seu modo).
Há quem aguarde ansiosamente pelas infinitas rodadas do binguinho, até chegar ao prêmio máximo da cartela cheia. Há também quem vá apenas pelas guloseimas servidas: kafta, churrasco, pastel, doces... hmmm, dá fome só de pensar! Mas há também os tímidos jovens, em início da puberdade, quando em suas primeiras experiências noturnas com os amigos, se deparam com a tão esperada quermesse. Momento único para declarar aquela paixão, debochar dos amigos nas brincadeiras, ou simplesmente curtir a noite.
Lembro-me das inúmeras quermesses em que eu quando adolescente frequentei. Em muitas delas, eu que era membro assíduo da igreja, ajudava no trabalho todo. E sinceramente, como era bom! Senti aquela nostalgia boa, saudades do tempo bom que já se foi. Olhei aquela rua com cadeiras espalhadas, barracas enfeitadas e pessoas em seus postos para o trabalho, e me vieram a mente todas as recordações daquela época. Nesse instante, me telestransportei para uns 15 anos atrás: eu menina sorridente, com a cesta de correio elegante nas mãos, remetendo-me a imagem de Chapeuzinho Vermelho, saltitava por entre as mesas a fim de oferecer um mimo para quem quisesse fazer tal agrado a alguém. Algumas vezes, recebia bilhetinhos dos garotos também e esse era o auge da noite para todas as meninas. Os meninos se divertiam prendendo os amigos na famosa cadeia, ponto alto e com certeza a barraca de brincadeiras mais visitada da quermesse.
Retornando de meu pequeno devaneio, este pífio passeio pela minha linha do tempo, puxada de volta à realidade pelo agradável cheiro de tudo o que estava a minha volta, deparei-me com a alegria novamente de participar desta singela festa, alegria do interior.