"EU VIVO A VIDA CANTANDO"

“Eu vivo a vida cantando

Hi Lili, hi Lili, hi lo

Por isso sempre contente estou

O que passou, passou”.

Lembro-me de minha infância logo pela manhã, enquanto tomamos café. Alerto aos bons e aos outros olhos que isto não é comercial de margarina. Em casa, o amanhecer é pleno de bom dia. Muitos sorrisos e abraços, alegria de reencontros.

Luiz, lendo o jornal, logo solta uma piadinha, além dos muitos muxoxos por causa do momento político. Carla vem do quarto com um sorriso tão pianístico, que saltam notas musicais para a mesa. E a conversa da manhã começa feliz.

Vimo-nos há menos de doze horas, oito no máximo, porém temos muito a contar, um para o outro. Sempre fomos assim. Aliás, inclusive na época do Vitor em casa, tínhamos o que chamávamos de “momento família”. Era uma roda de conversas descompromissadas.

Então, lembro-me de minha mãe que, em sua santa sabedoria, sempre me perguntava coisinhas folclóricas e as transfiro para minha filha: “uma caixinha de bom parecer, não há carpinteiro que saiba fazer”, o que é? Ela, com o olhar de quem diz “essa é velha, mãe”, penso que é o mesmo olhar que eu fazia para Dona Anna. Ah, o que é mãe? E eu, toda desentendida, para não tirar a graça, respondo: é o amendoim em casca. Ela ri feliz e eu também, dessa pequena bobagem. Luiz levanta os olhos do jornal, para também sorrir.

Conto aos dois das grandes fornadas de pães caseiros que minha mãe fazia no forno à lenha, de onde varria as brasas com vassoura de guaxuma e punha os pães sobre pedaços de folhas de bananeira, que lhes serviam de forma. E que, para mim e para cada neto ali por perto, fazia um pãozinho em forma de pombinha. Carla presta atenção, olhando para o pão francês sobre a mesa. Sorri e nada diz. Penso com meus botões, deve estar fazendo algum paralelo. Luiz exclama sobre as delícias daquela fornada com manteiga derretendo sobre o pão quentinho.

De repente, um anjo me traz uma música no meio daquela felicidade. Canção que aprendi com Jane, minha sobrinha. Ela e eu temos a mesma idade e convivemos na infância. Cantarolo enquanto vou à geladeira e, para minha surpresa, Carla canta comigo e vamos até o fim da música, que eu cantava para ela pequenina. Luiz arrematou a melodia, trocando os versos, como é de costume e rimos, rimos muito.

Ele sai para o trabalho, Carla passa aqui no escritório para que eu ouça de seu celular a música “Ontem ao Luar” dedilhada ao violão por Paulinho Nogueira, em seguida, vai para seu trabalho e eu fico à porta do elevador, pedindo a Deus, aos Anjos e Santos que os iluminem e protejam.

Ah, que coisa linda é “Ontem ao Luar” com Paulinho Nogueira, as notas ainda ressoam por aqui. E volto a cantar.

“Um passarinho me ensinou

Uma canção feliz

Às vezes solitária estou

Mais triste do que triste sou

Recordo que ele me ensinou

Uma canção que diz:

EU VIVO ALEGRE CANTANDO

HI LILI, HI LILI, HI LO

POR ISSO SEMPRE CONTENTE ESTOU

O QUE PASSOU, PASSOU

O MUNDO GIRA DEPRESSA

E NESSAS VOLTAS EU VOU

CANTANDO A CANÇÃO

TÃO FELIZ, QUE DIZ

“HI LILI, HI LILI, HI LO.”

Bom dia a todos.

Dalva Molina Mansano

Letra e música de Hi Lili

B. Kaper, H. Deutsch

(Não sei de quem é a tradução).

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 23/04/2017
Código do texto: T5979289
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