A LISTA: MONTE A SUA HISTÓRIA
Muita indignação na República Federativa da Odebrecht. Por um lado, alguns políticos se queixam dos codinomes recebidos, tais como FEIO, FEIA, FODINHA, BALZAC e BARBIE. Argumentam que tais apelidos comprometem sua imagem perante o eleitorado e, por isso, pretendem recorrer ao STF com embargos declaratórios.
Por outro lado, há o grupo que se acha discriminado no “listão” dos delatores, ao comparar o “quem é quem” no mapa da propina. Tal acontece basicamente com a bancada mineira. Enquanto políticos de Brasília e de outros estados embolsaram milhões de reais, a patota das alterosas só recebeu gorjeta. Aí vêm os exemplos: CASTOR, LIMA, SILO e DA HORA abocanharam apenas 50 mil cada um. BARÃO, 57 mil. NAVALHA, 75. E SÁBADO – vejam só – recebeu a humilhante propina de 25 mil. Um sobornozinho rasteiro que não seduziria nem o mais venal guarda alfandegário. Com tais argumentos, essa turma também promete ingressar na Justiça invocando o princípio da isonomia. Querem equiparação propinatícia (com a licença de Odorico Paraguaçu).
Enquanto aguardamos o desenrolar de todos esses casos – aí incluídas as verdadeiras investigações criminais -, podemos construir várias histórias com os nomes que recheiam a quilométrica lista da Odebrecht (maior que a do ENEM). Existem nomes para todos os gostos. O público infantil, por exemplo, poderá aventurar-se no mundo animal e lá vai encontrar a ABELHA, o CANÁRIO, o CARANGUEJO, o CASTOR, a COBRA, o JACARÉ, o LAGARTO e o PAVÃO.
No campo religioso e ainda imbuídos do espírito da Semana Santa, podemos ir à IGREJA para ouvir o PADRE na celebração da MISSA, onde ele ameaçará os ímpios com o fogo do INFERNO. Falará sobre o sermão da MONTANHA e a confusão da torre de BABEL. Com a lista na mão, ele poderá retroceder ao Gênesis, narrando o papel de EVA e de seu filho CAIM nas sagradas escrituras.
Mas eu prefiro uma história mais romântica, que pode ficar assim: Era uma vez uma PRINCESA, PROTEGIDA DO REINO. De olho na MUSA estavam o BONITINHO e o BONITÃO. Um PRIMO, conhecido CONQUISTADOR, também entrou na jogada. Ela, porém, AMANTE do futebol, preferiu o rei PELÉ. Só que o JOGADOR já estava meio DECRÉPITO e, sem ajuda do VIAGRA, não tinha mais aquilo DURO nem ROXINHO. Não tenho certeza mas, segundo o PARREIRA, um MINEIRINHO acabou levando a JOVEM para o RIO, onde vivem felizes pertinho da PRAIA.
Se você, caro(a) leitor(a), não concorda nem achou graça nesta história, pode montar outra, mais séria. A lista de nomes e valores é enorme, as possibilidades infinitas, e esse é um bom exercício para traduzir nossa indignação diante de uma roubalheira que alcança níveis estratosféricos e nos deixa atônitos. Com humor ou cara fechada, cada um usa a arma que tem. O Barão de Itararé usou a dele, a caneta: “O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.”
E, nós, brasileiros, quanto valemos? Quem preferir, pode dar a resposta nas urnas.