Paulo Pesqueira Diniz

Passei parte da tarde ouvindo umas velhas fitas-cassetes gravadas há uns 20 ou 30 anos em Pesqueira. Uma delas com as melhores músicas de um grande cantor e compositor pesqueirense, Paulo Diniz.Gosto muito das músicas dele. Depois peguei a pasta nde guardo as maltraçadas que escrevi sobre gente da terrinha e encontrei uma crônica que fiz em 1989 para o jornal de Pesqueira, há, portanto, 28 anos, mas que continua, no meu entender atual.Vou transcrevê-la, afinal o panorama politico e geral do paísestá tristee chato paca. Eis teor da crônica:

VIOLA NO PALETÓ

William Pôrto (não gosto do meu nome)

"De repente foi como se naquela noite de Festa da Padroeira, Santa Águeda, chovesse PINGOS DE AMOR, vindos sem dúvida das franjas do Ororubá ou, quem sabe, das estrelas.

"A noite ainda era criança e a alegria impedia que JOSÉ e MARIA DAS DORES sequer admitissem que afesta pudesse acabar. Pelo contrário, ela apenas começava e com mais intensidade no exato momento que um caminhante de caminhos mil, vindo, quem sabe, de PASSÁRGADA, da BAHIA ou de PERI-PERI, com um ARCO-IRIS na sua MORINGA, enfeitiçado pela magia do ar puro da serra e dos cheiros e sons familiares, reconhecendo que era um CHORÃO por sua terra, afirmando que seu pai era de Poção mas elenascera em Pesqueira,vestido de branco e com uma VIOLA NO PALETÓ, bem devagar começou a testar microfones, cantarolar músicas pela metade, bronquear contraas caixas de som que, segundo ele, só serviam de enfeite,e abrincar com o povo.

"Na verdade, fingidor como todo poeta, eleapenas disfarçava a a emoção do reencontro com a sua terrae o seu povo, tão evidente na maneira como cantou estesversos: "Minha gente eu vim de longe, estou tão cansado e só". Erao mote, a explicação,a jusificativa válida e telurica de quem voltava a pisar o solo querido, cercado de recordações por todos os lados, como fez Potiguar quando escreveu a crônica sobre a sua velha casa.

"Mas naquela noiteele nunca esteve só, ungido que estavapelo carinho de seus irmãos pesqueirenses. Fez um dos melhores shows de sua vida.

"Há pessoas que conseguem serasintese de um povo. PAULO DINIZ é uma dessas pessoas. Ele éa cara de Pesqueira. Éum dos seus representantes mais autênticos, consegue expressar o que um ovo tem de mais importante: a identidade e a personaidade;a fibra e a alma popular.. Ele possui o orguho. o caráter, a altiveze a rebeldia de sua gente. Um povo indepedente que não se curva e nem se dobra à prepotência. Se é a cara é também o talento reforçado pelo amor telúrico, amor meio apache (dá e apanha), recoheço,mas amor uro, amor que a dstância nao extingue e nem reduz; coisa de ele, bem diferente do sentimento cafona dos novos-ricos que nomaximo é amizade colorida e fugaz. Paulo Diniz, como otigar Matos, Nelson Valença, Cláudio Almeida, Zuleno, Luciano eloso, Vandeck Santiago, Álder Júlio, Everardo Maciele os homens simples do povo, expressam uma espécie de ideologia pesqueirense que compreendo mas não sei explicar.

"Em Paulo Diniz, por ser um artista popular, essa frça é mais visível e mais forte.El está para Pesqueira como Caetano Velso está para Santo Amaro da Purificação, Caymmi para Salvador e Alceu Vaença para São Bento do na e Olinda.

"Pena é que por forçade fatores alheios àvontade do artistae do povo, ele nao venha com mais constância a Pesqueira. É preciso que se entenda que os artistas são os arautos do povo, daí porque é preciso prestigiá-los, principalmente quando são flos da terra. Pesqueira e Paulo Diniz nao podem viver uma relação fugaz, ela pode e deve ser permanente, pois a verdade é que ambos estão cansados de "anndar a pé e só, com uma viola sofrida pendrada no paletó".

Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 19/04/2017
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