OS EMBALOS DAS NOSSAS VIDAS
   
Que música é essa que embala o ritmo de nossas vidas?
    A alegria desfila nos olhos que brilham, de todas  as Marias e Joãos ninguém que nos bares, saem brigas, leva à boca um copo de bebida, entardalhaça o sol das outras brisas, sem sorriso da família, beijam o solo a mais querida.
    É louco o pardal esvoaçante, não conta mais a aurora despedida, a cobra não mais silva, atormentada a noite em lua cheia, a fada do mar na areia e os pés bem calejados, murmurante espuma a água salgada, ao encontro de novos retirantes.
    A delirante algazarra de tristeza, embora o entusiasmo estonteante, até a felicidade aborrecida, esconde-se em dia de primavera, a lua mais bonita, ébria envergonhada, chama a sua madrugada nos seios embriagada, atrás das nuvens se apaga.
    O cenário é despedida, a vida passa despercebida, como feto a concebida, não gera a própria filha, silencia o suspiro, como dança vai a nova vida, aconchegada a terra geme; no céu uma estrela caída, a mente foi esquecida.
    Beijam todos que não são atores, circulem entre vós falsos rumores, de amores pervertidos, de casos mal resolvidos, de camas bem divididas, das almas gêmeas separadas, o lar da mais amada, até a cama rejeita o abrigo, dos corpos desunidos, em colchões amortecidos a brotar o desamor.
    Os olhos ainda choram, mas as lágrimas secara no seu rosto, na pele a cor lhe denunciava o tráfego das ondas tardias, vinha de longe à moradia, o céu rasgava-se de melancolia e as águas levavam as correntezas, seu suor, sangue e covardia.
    Dança em seu peito o coração a dor sentia, por mais forte assim batia, ecoa os gritos de todos os dias, as marcas em seu corpo refletia, o sol açoitava a carne fria, beijava as pontas dos cabelos a suave brisa.
    É melhor dormir a eternidade, esquecer todos os malefícios, das andanças vivenciadas, das riquezas escondidas, das desgraças desgraçadas, a morte por referência acalentada silencia o ser que viva a vida, da vida que não é mais vida.
    Ao longe os olhos buscam os horizontes, as gaivotas em círculos dançantes, roçam as penas brancas nas águas cristalinas, saudades agonizantes, o peito a dor apertada, suspira o cheiro de sua amada.
                                                                      
   
 
 
 
 
 
 
 

 
Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 18/04/2017
Reeditado em 22/08/2019
Código do texto: T5974618
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.