ÍNDIOS DO NORTE E DO SUL-PARTE II

Os do sul, estiveram.........

No século XVII, na região do atual Rio Grande do Sul e da Argentina, surgiram povoados que viveram durante algum tempo em harmonia, com produção variada e auto-suficiente. Os próprios índios da nação guarani e os jesuítas espanhóis construíram os prédios na região de Sete Povos das Missões, restando até hoje algumas ruínas; chamados ‘reduções’ os pequenos povoados (pueblos) em que os padres da Companhia de Jesus tentaram o processo de evangelização. A primeira área organizada se originou em 1626, o Tape, nome dado pelos religiosos àquela região na zona do rio Uruguai - a grande riqueza da região não era a prata e sim a agricultura (erva-mate, milho, mandioca, amendoim, batata), além do gado de corte, o que despertou o olho-grande dos portugueses. O gado foi introduzido pelos jesuítas em 1634. As primeiras reduções foram destruídas pelos bandeirantes entre 1636 e 1640 quando o soberano espanhol permitiu aos índios usarem armas de fogo, episódio Grande Combate Mbororé, nome de um riacho afluente do rio Uruguai - em 1641, os guaranis fizeram os invasores recuarem e os padres levaram as sobras da ‘guerra’, das reduções entre os rios Paraná e Uruguai para a chamada Mesopotâmia argentina. Neste vai-e-vem, o gado ficou solto e se reproduziram, dando origem ao gado chimarrão. Em 1680, os portugueses fundaram a Colônia do Sacramento, velho sonho de esticar fronteiras até o rio da Prata, onde havia contrabando deste metal, trocando por escravos de Angola. Assim, os espanhóis voltaram às terras do Rio Grande, que seriam suas pelo Tratado de Tordesilhas. // Em 1682, teve início o ciclo dos Sete Povos com o objetivo principal de evangelização, os índios se tornando súditos da Espanha, cada pueblo seguindo o mesmo esquema, padres com grupos de mil a seis mil índios, administrados por caciques e acima destes os religiosos educadores: SÃO BORJA, depois SÃO LUÍS, SÃO MIGUEL, SÃO NICOLAU, SÃO LOURENÇO, SÃO JOÃO BATISTA e ao final SANTO ÃNGELO CUSTÓDIO, já em 1707. O esplendor durou até 1750, quando o tratado de Madrid revogou (anulou) o de Tordesilhas e os pueblos foram novamente obrigados a migrar: revolta dos índios e Guerra Guaranitiva. Os portugueses propunham trocar os Sete Povos pela Colônia de Sacramento, mas os índios não aceitaram passar novamente para o outro lado. Índios sem unidade militar, foram massacrados em 1756 por cerca de três mil soldados, entre portugueses e espanhóis, que tinham ido cumprir o acordo entre os países ibéricos, trucidaram 1,2 mil índios. O novo Tratado de El Pardo, 1761, anulou o de Madrid e foi feita a destroca entre os Sete Povos e Sacramento, pra e pra cá toda hora?!... Um ano depois os espanhóis de Buenos Aires invadiram Sacramento. As cortes européias resolviam sobre as terras dos guaranis e os portugueses, violentos, destruíam as aldeias e escravizavam os índios. Não bastavam os espanhóis oferecerem terras - era um irritante recomeçar do zero, reconstruir......... semear, esperar a colheita. Os jesuítas ao lado dos índios, mas a ordem religiosa tendo interesses políticos na Europa. A região de Sete Povos era uma das mais ricas em produção agrícola e o Rio Grande do Sul foi incorporado ao Reino de Portugal em 1801. // A Coroa Espanhola era muito controladora, não dava moleza, porém as reduções espanholas foram unidades auto-suficientes e organizaram os índios sem preocupação econômica: o que era de um era de todos. Os jesuítas impuseram a cultura deles, povoados organizados ao modo cristão europeu - nunca desprovidos da produção, sem brancos-índios-negros que não fossem da região; já os religiosos portugueses nunca separaram aldeamento do povoado, onde os índios eram senhores da terra, mas trabalhavam para os colonos. // Sociedade bem diferente dos outros lugares: índios usavam roupa, sabiam ler e escrever e as meninas aprendiam prendas domésticas; o apurado senso musical era usado no ensino religioso; os índios também aprendiam técnicas de construção européia para igrejas-residências-oficinas, como lavrar pedras, esculpir em madeira, pintar-fundir metais, criar peças de artesanato e esculturas, geralmente imprimindo feições indígenas em peças sacras. O padre MONTOYA sistematizou a língua indígena e os religiosos criaram vasta obra literária nessa língua. // As ruínas de São Miguel foram as que mais resistiram ao tempo: catedral, colégio, cemitério e praça. O Paraguai, que também teve reduções, foi o país que mais preservou arquitetura, esculturas e outros traços daquela cultura, mantendo o guarani como língua histórica e oficial junto com o espanhol.

FONTE:

“Paraíso ao sul do Equador” - Rio, revista NÓS DA ESCOLA, SME - n.3/2007.

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