O poste transformado em posto
- Vamos embora com a menina.
Hortêncio e Mavacala assistiam ao jogo quando de seguida um dos jogadores pós a bola no ferro lateral esquerdo. " Ó seu fraco da próxima não ponhe a bola no posto." Adicionou Mavacala já muito alterado pelo falhanço.
- Ó Mavacala, acalma - te, tu és um indivíduo que quando estás alterado esqueces o bom português. Afirmou Hortêncio com um tom pedagógico.
- Que bicho te deu para fazeres esta declaração amigo?
- Tu sabes que sou um indivíduo muito bem relacionado com o português.
- Sim, quanto à isso não há dúvida, deu para notar na palavra "posto" és o máximo na língua de Camões.
Mavacala não entendeu, não porque estava atento ao jogo, ou seja, ninguém sabe ao certo se tinha entendido.
Houve um silêncio...que se tivesse um menino da minha época entre ambos, diria : "Deus passou" os dois fitavam os olhos no relvado, atentos na tela de cinquenta polegadas que Hortêncio comprara na época das vacas gordas, desde então, parecia-lhe a única mobília interminável.
Houve um segundo silêncio, este doeu, de repente a casa ficou escura, a tela piscou duas vezes, Hortêncio reflectiu...e ambos em simultâneo exclamaram "possas de novo!".
- Nenhum quarto do dia a energia mantém? Ninguém o respondeu.
- Que país! Aumentou Mavacala.
Depois de dois minutos entrou o filho, correndo, que duma forma atrapalhada dava a notícia ao pai.
- O Toy esquerdinho?
- Não, não meu pai, o tio Toy do camião é que bateu no posto, aquele que dá acesso a nossa rua.
Hortêncio ficou "trifuso" depois de ouvir o filho. Primeiro, não se sabe, se a tela queimou. Segundo, o erro do amigo. Por último, o do filho, que situação!
Isso, sem contar o tempo que se levou para o poste estar ao seu devido lugar.
Dom Fé