A RESSURREIÇÃO DE JESUS E A DÚVIDA.

Ninguém conhece senão pela fé os dogmas da transcendência. Nisso se estabelece a crença, singular e pessoal. A dúvida, não só na religiosidade, caminho áspero e ausente de materialidade, não nos foi colocada como rio que se desvia de seu curso por intempéries não esperadas, mas por sinalização de prova na força da fé. E caminha para seu destino, o mar, em qualquer destinação, como a crença para seu Deus.

A dúvida se instala nas corporações humanas que insistem em doutrinas semeadoras do bem e da harmonia, sem sucesso. Imagine-se na ambiência da inexistência de certezas, como nas religiosidades.

O "sei que nada sei socrático" atirado como seta inspiradora da dúvida passeia pela interrogação. Ela não retira a vontade de continuar, mas alimenta a persecução e estimula o intento da busca da paz tão necessária para edificar nossa consciência.

Por isso, hoje, SÁBADO DE ALELUIA, repriso essa busca escorada na dúvida. Abaixo email enviado a amigo do site.

SÓ SE AVANÇA NA DÚVIDA.

Este o grande credo, e o próprio Cristo, Filho de Deus encarnado em Jesus de Nazaré, a deixou. Como? No livre arbítrio que se conduz pela escolha e a escolha anda em várias vias, e duvida, negaceia, recua, questiona, argumenta, pergunta, apara arestas, pesquisa, enfim, tenta avançar, e o faz, máxima ou minimamente, duvidando. A crença se firma através da dúvida, tenha fortaleza a fé ou fragilidade.

Aduz você, “em nós, a verdade margeia-se em torno daquilo em que queremos acreditar”; estupenda verdade.

Querer é escolher, e escolher é antecedido pela dúvida.

Sinaliza seu entendimento que é tese que se sustenta, sim, sem nenhuma aspereza: “quem crê em mim fará as obras que eu faço”. Nem irrelevante nem inconsistente, mas histórico e enraizado nos editos dos tempos, em tudo que se firmou como necessário para a humanidade viver em harmonia. Estão fincados os ensinamentos de quem deitou raízes didáticas no que foi ensinado aos grandes movimentos libertários, que dignificaram o homem, a revolução francesa, a convenção dos direitos humanos da ONU, e todas as legislações das nações civilizadas. São dois mil anos de regras inspiradas em quem nenhuma regra escreveu, somente em dicção mostrou o caminho a escolher mediante arbítrio, alimentado pela dúvida.

Se nosso sentimento apenas quer crer, sem nenhuma vontade de explicar materialmente, por impossível, a transcendência, já nos basta. Se nos sentimos bem por procurar o bem ensinado, universalidades irrecusáveis, se fosse só isso, já seria muito, se só tanto nos restasse. O quê mais importa?

Eu creio em uma Lei Moral e se nela creio, creio em quem ensinou-a. Me faz bem viver sob essa crença, ao arrepio dela minha consciência tocaria fortes sinos enlouquecedores. A escolha foi contingente.

E qual seria a razão de quem ensinou essa Lei ficar marcante, um pobre judeu, sem doutoramento, sem estudo, sem nada escrever? Por que ele mentiria? O que receberia em troca se pregava o mais completo despojamento. Era um louco? Esse pregão não foi acolhido pela história, ao revés, ainda que devolvido a Pôncio Pilatos, por Herodes, com as vestes dos loucos, no mais singular “conflito negativo de competência”, instituto processual ocorrente que nunca vi referido (quando dois juízes se dão por incompetentes para o julgamento), já que poderia ter apelo para Roma e não teve. Creio nesse Ser grandioso, que seria Filho, como Ele mesmo disse, do Ser Necessário que reporta a inigualável inteligência de Kant, e a quem Darwin nominou de Supremo Arquiteto. Por que esses cérebros, agnósticos e ateístas, não O negaram, mas submeteram-se a um respeito sacralizado, um pobre homem que morreu como o pior dos criminosos como definia a pena da crucificação.

A dúvida faz a escolha, a escolha faz a fé, mas se o sentimento está visceralmente ligado ao que é bom, submetido à Lei Moral de Jesus de Nazaré, Ele, Jesus de Nazaré, o Cristo histórico, é a prova que nem eu ou você precisamos, para continuar a ter fé na fraternidade, na bondade, na recusa aos desvios que necrosam nossa consciência. É isso que penso bravo interlocutor Cláudio. E por tão abrangente questionamento, coloco-o em crônica, creio também, SEM NENHUMA DÚVIDA, que estamos nesse espaço para tanto, sem pretensão. Abraço. Celso

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/04/2017
Código do texto: T5971617
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