Do outro Lado.

Gostaria de abrir as janelas do meu coração e não viver o dia que preparam para minha morte. Sei que estou sendo ingrato em meus pensamento com o dia vindouro. Mas as cretinas palavras que enxertam em minhas convicções, não conseguem ataviar a paisagem fria e sem vida que se formou na expedição que meu espirito fez na angustia de um lugar que pensei ser apropriado. Para um repouso agraciado pela crença sem precedentes, por decreto de um tempo de mudanças e por querer esquecer a mortalha que abrigava minhas canções.

Supostamente, meus agressores ofuscam seus crimes com pretextos que vagueiam ao redor de minha morte. Encenam a revoada mentirosa que farão sobre meu cadáver e lançam rosas como a escarlata por cima das minhas andanças. Alguns irão embrenhar-se entre os curiosos sem atitudes e contarão fábulas para justificar uma indulgência que não permiti e assim apagar uma escrita desaprovada, que distante de ser lida, serve apenas como desvio da irônica relação que ainda me detêm entre os leões.

As badaladas do tempo, anunciam que a garoa que lavará minhas lágrimas, não irá pernoitar em tantas recordações, ela tem pressa e não se permite escutar as patacoadas que os corvos trazem para este momento. Contudo, preciso banhar os estigmas que recebi por acreditar em discursos insensíveis, mas nada que possa reinventar as insanidades que ainda me acordam nas longas madrugadas. Chorosas e decadentes agraciadas, clamam por redenção, por justiça e por sacrifício, sofrem em meu discurso por não aceitarem o glamour não reconhecido, que distante de um fim, agoniza no ardor de presenças desconhecidas.

Não desejo piedade de uma culpa que não carrego, apenas alcunho o que pertence ao mundo que jamais conheci por conta própria, sobretudo vou deitar nas escamas que me amputaram a dignidade. Se de sorte descansar, poderei abrir mão de homenagens ditadoras sem pesar no que acreditei. Sinto por ter que apagar as luzes sem ter tempo de apreciar a decoração, talvez meu sangue sirva de decoração de um plano que não consigo enxergar. Sejam bem vindos, mas não esperem um Kopi Luwak como agradecimento por sua presença, mas espero que perceba que muitos não vivem o que almejam viver, porém sobrevivem na vida que outros o obrigam a viver.

Cristiano Stankus
Enviado por Cristiano Stankus em 14/04/2017
Reeditado em 16/04/2017
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