O filósofo e o caminho
Diziam que havia um filósofo que andava sobre as águas, miraculosamente ele flutuava, sem que sua beca encharcasse. Sabia-se que todo o estofo que carregava, livrava-o do peso, e assim levitava por onde passava, sem tocar onde pisava, e ao milagre chamavam de “o caminho das pedras”.
Um terreno árido a um homem se apresentou, piso inóspito, que fazia sangrar e cauterizar os pés de quem o pisava. Querendo chegar ao outro lado, ele passou a caminhar sobre as pedras, e até se fez íntimo de algumas: chamava de ara, aquela sobre a qual ele orava, e de mó, aquela onde fazia sua comida, de angular aquela que definia sua direção, ou de pedra chave, aquela que solucionava seus problemas; sua pedra de estimação foi sua primeira pedra, aquela que ele nunca atiraria.
Ele caminhando, abriu a Caixa de Pandora, e viu todos os rumos sob seus pés, revestidos de pedras... fez-se assim um filósofo, que ainda que sem água, caminhava sobre as pedras... e descobriu que sempre: no meio das pedras havia um caminho