Não se trata de suicídio

Sétimo episódio ou sétima fita. Definitivamente, ainda não vi o suicídio nesta série como a discussão central a sua prática, como muitos estão comentando. Vejo-o apenas como um coadjuvante, após tantas pertubações, ainda não aprofundadas pelos juízes do Facebook, que milhões de pessoas passam ou já passaram alguma vez.

Porém, minha análise é subjetiva. Talvez esteja assistindo à produção sob a ótica da Hannah Backer: a eterna culpada por ser a vítima. Ela, mesmo sendo uma ficção, continua sendo apedrejada por ter passado por percalços que, infelizmente, ainda se fazem bastante presentes, embora a discussão de tal temática esteja melhor trabalhada na sociedade.

Nós, os “culpados”, olhamos para trás e tentamos entender por qual motivo acreditam que fazemos tão mal. O silêncio impera, a vergonha predomina e um medo sem sentido de retaliações de quem menos nos prejudicaria faz com que o nó na garganta nunca desate. Dia a pós dia, levamos a vida como podemos. Você tenta ser o melhor, mas eles querem mais.

Em outros relatos, já fiz referências da minha infância e adolescência nas escolas que frequentei. Nada fácil, mas consegui sobreviver. Na minha época, bullying não existia. As soluções eram voltadas ao mais forte. Você, reles vítima de um xingamento, espancamento, piadinhas, era apenas mais um dentre tantos que passavam pelas mesmas situações.

Reafirmo. O suicídio, com certeza, não é a proposta principal da série. O incidente surge como uma forma de alarmar a sociedade ao quão fúteis somos. Se não fosse a vida da protagonista, poderia ser a de outra pessoa. De uma culpada suicida, Hannah Backer poderia ser uma louca homicida. O fato é que ela nunca seria a vítima.

Talvez o lugar de fala dos críticos da série esteja voltado ao discurso dos antagonistas citados nas fitas. Talvez quem ache o assunto desnecessário estivesse do lado oposto ao que realmente está escrito nas entrelinhas daqueles 13 porquês. Talvez eu só esteja viajando por me colocar no lugar de uma personagem norte-americana fictícia. Sem mais “talvezes”, a cada episódio, um monstro do meu tempo de escola reaparece para que eu lembre o quanto é nocivo estar no lugar de Hannah Backer.