CASAMENTO COM MORA TIS MORTIS
Numa certa noite encontrava-me deitado em minha cama.
Vi de imediato a luz do quarto piscar e se apagar.
Fiquei na mais completa escuridão.
Senti bater mais forte o meu coração.
O que será está acontecendo?
Não vendo nenhuma luz tinha impressão de estar cego.
Não havia perto de mim uma lanterna.
De repente, ecoou no quarto o som de uma voz.
Dirigiu-se a mim em tom cavernoso.
_ Boa noite caro escritor...
_ Quem fala? Perguntei.
A voz estranha assim continuou:
_ Vim de um lugar distante e mais escuro que aqui...
_ Há muito tempo ela mandou-me vir...
Sem poder ver quem me falava estremeci.
Repentinamente o ser dentro do meu quarto foi surgindo.
O rosto cadavérico e pálido arrepiou-me por inteiro.
Ouvi aquele voz cavernosa dizer:
Sou como uma sombra no futuro além...
_ Vim aqui com uma missão para contigo caro escritor.
_ Escute com atenção o que lhe digo:
_ A dama negra mandou-me fazer os preparativos...
Vi aquele ser em meu quarto acenar sua mão esquelética.
Uma luz pálida feito tocha acendeu-se em meu quarto.
Aquela sombra vinda do além era um esqueleto
e no lugar dos seus olhos vi um brilho demoníaco.
Ouvi o esqueleto me falar:
_ Vestida de negro com suas grinaldas a sua eterna noiva
"Mora Tis Mortis" mandou vir te buscar agora...
_ Para ir ao encontro dela trouxe-lhe seu terno negro...
Com sua mão ossuda mostrou-me um belo terno de casimira.
Havia nele um brilho roxeado.
_ Veste o terno feito somente para você...
Atendi o pedido sem duas vezes pensar.
Após encontrar-me devidamente vestido o esqueleto
estalou o dedos ossudos de sua mão direita e o quarto
foi pouco a pouco desaparecendo ante os meus olhos.
Vi de repente surgir ante meus olhos perplexos um templo
repleto de tochas espalhadas e acesas.
Em alguns cantos havia lobos parados a espreita.
Que lugar seria esse? Pensei.
Surgiu a minha frente um velho sacerdote.
Vestia-se com um hábito reluzente a luz das tochas.
Ele foi dizendo pausadamente:
- "Mora Tis Mortis" Já virá em breve...
Compreendi de quem o velho sacerdote falava.
Uma valsa de marcha fúnebre ecoou dentro do templo
que ao olhar direito era uma construção gótica.
"Mora Tis Mortis" chegou toda vestida de noiva.
O véu e as negras grinaldas brilhavam sob a luz das tochas.
A única diferença na sua beleza era os dentes perfeitos.
Aproximou-se em câmera lenta de mim sorrindo.
Sua voz calma e suave disse-me:
_ Antecipei a data de nossa união amado escritor.
"Mora Tis Mortis" pegou minha mão direita e falou:
_ Pode dar inicio a cerimônia nobre "Enforcador"...
Estranho era o nome daquele macabro sacerdote.
O sacerdote perguntou a "Mora Tis Mortis":
_ Morte eterna você quer se unir a esse mortal?
Ouvi a voz dela alegremente dizer sim.
_ E você mortal, deseja se unir a morte eterna?
Respondi pausadamente sim.
_ Et simul meae loucutus sum quia in aetenum.
_Eu os declaro unidos por toda eternidade...
_ Os noivos podem se beijar...
Ao levantar o véu a morte me beijou.
Me vi em meu quarto deitado com "Mora Tis Mortis".
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BELO HORIZONTE, 12 DE ABRIL DE 2017. MINAS GERAIS.
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