DEPOIMENTO.
 
 
Diante da repercussão do caso de assédio envolvendo a funcionária da Globo e o ator Jose Mayer, creio que a denuncia foi tardia. Um elogio pela beleza, pode ser aceito, mas quando passa para a vulgaridade e desrespeito, o limite tem que ser posto: não gosto de sua conduta, me respeite...Se você continuar, lhe denuncio. Não é fácil!  Quando se trata de chefes, o medo da demissão retrai  a denuncia. Quando de pessoas famosas, também. No caso de mulheres vítimas de violência física, há o medo  de  retaliações mais violentas. Para  mulheres que dependem financeiramente dos companheiros, é mais dolorosa a situação. Em todos os casos, se não damos conta da situação, pedir ajuda é fundamental, sem medo, sem  a pecha do constrangimento.  Su, a funcionária da Globo pediu ajuda no setor de recursos humanos e não teve resposta. Se tivessem dado crédito a ela, o ator seria chamado, receberia advertência e outras medidas  cabíveis no caso. Su não teve outra alternativa,  se não a de concretizar a denuncia.
Sou casada há 37 anos e confesso que quando pisam nos meus calos, eu rodo a baiana mesmo! Certa vez, em uma dessas  arengas entre  nos dois, ele ameaçou me bater. Eu reagi e disse: você pode até me bater, mais vai para o cemitério ou para a cadeia, não tente! Ele recuou pianinho. De outra vez, me atingiu com uma bolsa de documentos, no rosto. Não tive duvidas, fui dormir na casa de uma amiga e no dia seguinte fui para o advogado entrar com o pedido de divorcio. O advogado telefonou para o meu marido, que  chegou rapidíssimo e de joelhos - de joelhos mesmo- pediu perdão e jurando não repetir a conduta agressiva. E um belo dia, depois dessas arengas ele disse: só não te dou uns tapas, porque tu sabes dos teus direitos e sei mesmo.   Precisamos   transpor o círculo do medo, da vergonha em pedir ajuda, só assim poderemos lutar contra esses garanhões que pensam que as mulheres são objetos de consumo e sacos de pancada. Reagir é preciso.
  Aproveito a oportunidade para desejar uma  Páscoa de renovação da paz, do amor,  da solidariedade e da vida cristã.