Amanhã a gente se fala
Enquanto o ônibus sacoleja a caminho do ponto mais próximo de uma das estações da linha verde 2 do metrô em São Paulo, duas amigas voltam para casa. “Escuta, iniciou uma delas cujos óculos lembravam os do Clark Kent, sabe o Leonardo..., :/ Dá para você parar de enviar mensagens e prestar atenção no que estou dizendo?”. “Só um minuto, é importante!”, respondeu rindo a outra sem despegar os olhos do celular. O ônibus parou, uma galera desceu, mas ainda transbordava.
A garota com o smartphone à mão alterna sorrisos em meio a lapsos de gravidade. Já a amiga, visivelmente consternada, entrecortava a própria respiração. Se a impaciência tivesse um rosto, seria aquele, bem ali.
O motorista, qual um louco, descendo a mil a ladeira, deixa na ação um discurso: vocês que se segurem, bando de idiotas! Os corpos oscilam e se vergam ante à curva sinuosa. Essa logo se esgota. Pé no freio, mãos firmes nos apoios, mentes entredentes tentam imaginar: porque diabos correr de zero a cem, meio metro, se tem semáforo para tudo quanto é lado?
A garota, aquela do smartfhone, você pensa que deu atenção à amiga que a acompanhava? Deu nada. Ela sorria feito boba, como quem de bom grado aceita que lhe passem a lábia.
Mais uma parada, a amiga que tinha algo por dizer concluiu, pontualmente, que os ouvidos ali, que lhe eram alheios, existiam sim, mas desatentos. Ela desce após um tchau meio seco, meio morno... A do Smartfhone, desapega os amorosos olhos da tela um segundo de nada, ao que diz: “Amanhã a gente se fala” e volta a dormir.
Moral da história? Está certo o Daniel, o Goleman, “A riqueza de informações cria a pobreza de atenção.