ROUBO DE CELULAR
As vítimas têm facilitado, de muito, para o ato. Caminhando em rua deserta, com o aparelho grudado ao ouvido, atenta à conversação, nem percebem a aproximação da moto. O garupa apenas arranca o celular e sai em fuga.
É o que aconteceu há poucos dias à minha frente com uma senhora. Devido a distância só percebi o vulto dos meliantes. Não poderia reconhecê-los jamais. Aliás, poderia até identificá-los mas denunciar é outra história. Já tive experiência nada agradável a esse respeito.
Certa tarde, reparei que um rapaz, de boné vermelho, rodava a residência do outro lado da rua. De repente ele desapareceu. Minutos após, o proprietário veio indagar-me se não tinha reparado em algo suspeito. Alguém pulara o muro da residência dele e roubara o aparelho de som do carro. Apenas relatei o caso do rapaz de boné vermelho. Mas não o vi invadindo a casa. Veio a polícia e inquiriu-me a respeito.
No dia seguinte, estando na calçada, eis que passa o rapaz de boné vermelho. Faz o gesto característico de atirar, com o polegar levantado, em minha direção, como alertasse para ficar calado. Essa história se repetiria mais vezes.
Uma tarde de domingo, voltando de pescaria, parei num bar logo na entrada da cidade. O dono já era velho conhecido. Não sei o porquê narrei a história da ameaça. Um senhor na mesa ao lado, indagou: quantas cervejas estava disposto a pagar para livrar-me daquele incômodo. –Quantas quiser, respondi. Dito e feito. O rapaz do boné vermelho não mais apareceu. Umas semanas após, passei pelo bar. Cumprimentei o meu salvador com um gesto. E ele deu um positivo. Paguei 10 dúzias de cerveja e ao sair mostrei 10 dedos erguidos. Ele agradeceu com um gesto.
Nunca mais o encontrei nem o rapaz de boné vermelho...