O poder das palavras
“...depois veio a ordem das coisas e as pedras têm que rolar seu destino de pedra para o resto dos tempos. Só as palavras não foram castigadas com a ordem natural das coisas. As palavras continuam com seus deslimites”.
O trecho acima, escrito pelo poeta Manoel de Barros, entre outras significações possíveis, nos vem lembrar do poder da palavra.
O professor e linguista José Luiz Fiorin, em um de seus livros, dedica um período longo sobre o que pode ser feito com a palavra; trecho* esse que reproduzo abaixo para a reflexão do leitor.
A palavra “serve para o bem e para o mal, isto é, as consequências que ela produz são positivas ou negativas. Com a palavra, declaramos amor; com ela, caluniamos e, assim destruímos o outro; com ela, mostramos nossa audácia; com ela seduzimos e fazemos que o outro se enamore de nós; com ela, ampliamos nossa mente e, assim, libertamos nossa alma; com ela, magoamos, espezinhamos, humilhamos e, por isso, ela é a mais fina retorta dos venenos humanos; com ela, concebemos novos projetos sociais, novas utopias e, por isso, derrubamos a tirania; alteramos os sistemas políticos, criamos novos tempos; com ela, sonhamos em construir uma nova vida [...]”.
As palavras constroem os nossos sonhos, tijolo a tijolo. E mesmo que do idealizado ao realizável nem tudo sai ao planejado, o percurso, inevitavelmente, transforma o aprendiz em mestre.
O poder que há nas palavras cria novas possibilidades, transforma sonhos em realidade. Passamos do dito à ação numa batida do coração. O fato é que as palavras em si não contêm mesmo limites.