MINHA REGRESSÃO DE IDADE!

Minha regressão de idade!

Saudade da minha caneta esferográfica, que vazava tinta pela esfera, guando escrevia no meu caderno de brochura. Seu corpo de madeira, tal qual o lápis, ambas da Johnson & Faber, com sua tinta azulada, manchava o papel, a roupa e os dedos. Não havia o que limpasse só o tempo apagava, e, tudo recomeçava durante o ano letivo. Havia uma borracha bicolor, vermelha e cinza, para apagar escrita a lápis e a tinta. Mas como não existia, naquela época, Direito do Consumidor, o produto era pura enganação, ocorrendo acidente, furando o papel com a sua fricção ao apagar a tinta ou borrão do erro cometido.

Para as canetas tinteiros, usávamos um papel chupão, conhecido como mata-borrão, que tratava de absorver o excesso de tinta vasado pela caneta, quer fosse a tinteiro ou de pena de caligrafo.

Numa nobre escrivaninha de época, não faltava dois tinteiros, azul ou preto e outra vermelho, em vidro transparente, com canaletas para apoio das canetas ha serviço. Também havia uma “gangorra” onde se afixava o papel mata-borrão, para absorvo a tinta fresca da caligrafia.

Sobre a mesa, também se encontrava uma balança, que mensurava o peso da carta, que seria expedida pelos Correios, auferida com selos correspondente ao valor ha pagar pela entrega do carteiro.

Não raro sobre a mesa se encontrava uma aba de couro onde se guardava papel carta e seu respectivo envelope. Alguns selos de variados valores sempre prontos para serem salivados na sua cola desidratada para fixação nos envelopes.

Lembro-me bem do meu pai fazendo cálculos com uma “régua” calculadora, onde corria um marco sobre os números e uma sobre régua saia do seu corpo auxiliando a operação matemática. Assim se compunha o escritório domestico onde éramos proibidos de usar em nosso exercício de casa, pois a distração no entretenimento de seus objetos de uso nos fazia viajar no tempo, vagando no espaço dos nossos sonhos além da realidade escolar.

A Tabuada era nosso castigo, escrevendo, folhas e folhas de caderno, com a esferográfica, que propositalmente borrávamos o seu resultado. Pois, se soubesse usar a tal régua calculadora do meu pai, talvez não tivesse sido castigado.

Na escola, sofríamos pela dislexia não de dequitada, causando repetência por falta de psicólogos, profissões ainda não reconhecidas, que nos levavam aos psiquiatras que nos impingiam diagnósticos que nem Sigmund Freud explicava.

Tudo por causa do fabricante de canetas e borrachas e da proibição do uso da escrivaninha do meu pai.

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 09/04/2017
Código do texto: T5965979
Classificação de conteúdo: seguro