Não são Histórias; são estórias
Quando escrevo, e torno público aquilo que escrevo alguns dos que me leem – e que por acaso me conhecem – tendem a procurar traços de realidade no que escrevo; encontram, mas não encontram e não raro se decepcionam comentando, ou guardando pra si, a certeza de que foram enganados, pois que a realidade que buscavam não está ali e o que está ali não se encaixa em suas recordações!
Claro que não. O fato que não gosto de explicar e não tenho porque explicar, é que não escrevo pra fazer descrições históricas sobre a vida de ninguém, muito menos da minha. Estranho como todo mundo pensa que a sua história, a história de suas vidas, daria um romance e quase nunca dá.
Claro que há o sopro da vida, há a eterna dúvida sobre de onde viemos, onde estamos, para onde vamos, mas, fora isso!
Já foi dito e redito que não importa muito sobre o que se escreve, mas como se escreve, só que não é tão simples assim; tem que haver tempero! A vida imita a arte e não o contrário. Há no filme "The Man Who Shot Liberty Valance " uma das frases mais marcantes do cinema "When the legend becomes fact... print the legend", mais ou menos "se a lenda for mais instigante que o fato, dane-se o fato", vai daí que escrevo sobre percepções, no que escrevo permeia o real, pouco, mas há no que escrevo mais e mais do irreal.
Penso que as poucas coisas reais que alguém pode achar no meu texto vão se perder no primeiro minuto de discussão e é só isso que quero, depois disso quero – ainda que possa ser encarado como muita pretensão esse meu querer – que as pessoas se debrucem sobre o que não foram e se recriem então.