SOPA DE PEDRAS
Qualquer historinha que não se tenha a origem definida são enquadradas como lendas urbanas, mas pouco se fala das lendas rurais, lendas da roça, lendas de onde a vida passa lentamente, enfim, lendas dos confins, uma delas que conheço trata da sopa de pedras.
O gaudério dirigia-se ao povoado para vender lenha e comprar mantimentos, quando então quebrou a roda da carreta.
Enquanto aguardava o o retorno do ajudante que fora buscar socorro, ele retorcia-se de fome, sem ter nada para comer, então resolveu fazer a tal sopa.
Armou o fogo, pois lenha é que não faltava, pôs a panela nos ganchos, água e sal e assim só restava admirar os dois bois alimentando-se de pasto na beira da estradinha.
O dia já passava das 11 horas, quando cruzou um produtor que também ia ao povoado vender seu produtos. Ainda do alto da carreta ele indagou o que o lenhador estava fazendo. De pronto recebeu a resposta:
- Uma sopa de pedras!
De pedras? reindagou o homem. Sim, de pedras, mas se receber alguns legumes ficará melhor e inclusive poderá ser repartida entre várias pessoas, respondeu o faminto lenhador. Não tardou para que outros produtores participassem com ovos, repolhos, batatas e tantos outros produtos.
Pronta a tal sopa a platéia estava louca para saboreá-la, afinal seria a primeira vez em suas vidas que provariam sopa de pedras.
O gaudério sacou da concha e pescou todas as pedras colocando-as no cantinho do barranco e foi logo servindo um caneco para cada participante.
A fome morta, a roda consertada, todos partiram e lá ficaram as pedras num cantinho, que de início eram as personagens principais, assim à cerca de onde foram tiradas retornaram sem nem mesmo coadjuvarem a peregrinação.
DAS LENDAS RURAIS