MEDOS ENGRAÇADOS.

Temos todos nossos medos. Alguns bem fundamentados, outros patológicos, os improcedentes e também, os engraçados. Pelo menos, eu os tenho de montão. E vou falar um pouco sobre o meu medo bobo de alarmes.

Na verdade, não chega a ser um medo preocupante e não me impede de levar de forma normal a vida. Mas ele existe e volta e meia, de forma barulhenta, resolve me lembrar de sua existência.

Lojas de departamentos. Já na entrada, a luz amarela em algum canto do meu cérebro, faz sinal. E antes mesmo de entrar, cinco minutos já se foram até que me decida pela porta da direita, do meio ou da esquerda. Sempre acho que o estúpido alarme irá disparar mesmo na entrada. Respiro fundo e projeto rapidamente o corpo porta adentro, e logo em seguida, expiro aliviada. Consegui !!! E sigo orgulhosa do meu grande feito. Certa vez, fazendo compras em uma dessas lojas, em uma viagem ao Chile, saíamos carregados de sacolas, quando, para meu desespero internacional, eis que apitamos. Do mesmo jeito que estava, permaneci, sob os olhares desconfiados e acusadores dos demais companheiros de compras. Imobilizada por livre e espontâneo pavor, aguardei a chegada do segurança que indelicadamente, sugeriu que voltássemos ao caixa para conferência e apuração dos fatos. De volta ao caixa, a mocinha nada simpática que havia nos atendido, começa a verificar peça, por peça e confirma a boa índole dos Hermanos brasileños. A única culpada era a própria, que havia esquecido de retirar o controle magnético de uma das peças. Nos devolveu as sacolas, sem ao menos um pedido de desculpas sequer...em espanhol, português ou portunhol.

Meu segundo medo bobo é porta de banco. Falo dessas portas giratórias que mais parecem com brinquedos de parques de diversões. Parece que vai ganhando força à medida que vamos rodando junto a ela, para depois, sermos arremessados para dentro ou para fora. Para quem, como eu, sofre de labirintite, convém, retirar todos os pertences de uma só vez. Caso, contrário, ficará eternamente feito pião a rodar ao som do estridente alarme a tocar. Deve haver maneira mais legal de pirar a cabeça longe das agências bancárias...É de tirar qualquer um do sério. Obrigada, santa modernidade, por permitir transações bancárias via internet.

Meu terceiro e último medo bobo, no que se refere à alarmes, acontece nos aeroportos. Mais, exatamente, no embarque. Principalmente, em voos internacionais, onde a revista se faz mais rigorosa. Já na fila, quase sempre quilométrica, procuro cooperar, retirando brincos, colares, anéis, pulseiras, relógio, etc. Ainda, assim, chegada a hora, o danadinho dispara...Opa!! Será comigo? Sim, sempre é comigo...Mãos para cima e muitas apalpadelas daqui e dali. Por favor, senhora, poderia tirar os sapatos? Mas é claro! Será um prazer...Queira passar novamente, por favor. E, outra vez o apito, não tem jeito. Alarmes me amam. Bem, carrego no tornozelo um par de parafusos, resultado de uma fratura há alguns anos, gostaria de retirá-los, também? Pois é, alarmes me perseguem. Certa vez, ouvi de alguém uma possível, porém, pouco provável explicação para esse meu caso perdido. Disseram-me que possuo um mágico magnetismo e nunca passarei despercebida. Agradeci, envaidecida... Mas será, mesmo?

Elenice Bastos.