Sobre crescer
Quando prezam que a infância é a melhor fase da vida de um indivíduo, não tenha dúvidas e não pense que, provavelmente, seja só mais uma das falácias do homem. A gente cresce e as responsabilidades aumentam proporcionalmente. Cobranças de todos os lados possíveis. Mas, confesso que a pior de todas é a curiosidade desse povo de saber para qual curso irei prestar na época do vestibular. Ah! Como é difícil! Como se já não bastasse termos que nos submeter a uma escolha tão injusta e complexa, como a de decidir o que queremos para o nosso futuro, tão novos e, se hesitarmos, pode ser um sinal prévio de fracasso. Complicado!
Prioridades? Talvez, eu tenha até me esquecido como se faz para manter uma vida equilibrada. Parece ser algo tão distante muitas vezes. Vida social, compromissos escolares, momentos de lazer, práticas esportivas, até mesmo solitude. O mais singelo ato de criar o lar da paz interior e aproveitar a própria companhia, ultimamente, parece estar em falta nesse mercado da vida. Seu preço teve uma notável caída na concepção dessa Era Individualista Líquida.
Eu tenho ficado angustiada por, simplesmente, ser eu. Situações cotidianas pelas quais passamos e deixam marcas. Ter que abrir mão de estar, fisicamente, com familiares e amigos, na maior parte do tempo, para admitir postura robótica diante de um livro com inúmeros termos científicos e, completamente, não-atrativos. É, o sistema lhe força a desenvolver a habilidade de memorização, como se esta fosse garantir o real conhecimento, além da única ramificação de inteligência valorizada ser a lógico-matemática. É mais vantajoso para eles se é que me entende. Por isso, digo: crescer dói. Dói muito. Como voltar à minha querida infância?